DAD SQUARISI // dadsquarisi@diariosassociados.com.br
Dois acontecimentos movimentarão Brasília em 2010. Um: o cinquentenário da capital. O outro: a reunião do 34º Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco. Representantes das 878 cidades e sítios históricos que compõe a lista da organização desembarcarão aqui. O evento chamará a atenção de Europa, França e Bahia. A arquitetura, já conhecida, talvez não cause impactos. Há construções pra lá de vanguardistas mundo afora. Os olhos se voltarão para os serviços que a cidade oferece. É aí que mora o perigo.
Brasília dispõe de bela rede hoteleira e ostenta o título de terceiro polo gastronômico do país. Mas não conta com profissionais qualificados. A escola não prepara quadros para as exigências do mercado. Entrega um produto bruto, sem os refinamentos impostos por quem paga caro e espera a contrapartida. Empresários não descobriram que precisam complementar a formação dos servidores com treinamento contínuo e alto padrão de excelência. Mas investem pesado na abertura de restaurantes e construção de hotéis.
O que se vê? Garçons, incapazes de descrever um prato, não olham pro cliente. Pra ser visto, o freguês precisa falar alto ou fazer pantominas. Não raro o pedido vem trocado. A conta, demorada, apresenta erros. Cobra-se o que não se consumiu, ou deixa-se de cobrar o que se consumiu. É frequente a combinação das duas situações. Confunde-se música ambiente com alto-falantes e amplificadores que impossibilitam a conversa civilizada. As vozes cada vez mais altas transformam o ambiente numa babel.
E os hotéis? Muitos ostentam as cinco estrelas, mas oferecem serviços de quinta categoria. Esquecem-se de chamar o hóspede na hora solicitada. Entregam (quando não deixam na recepção) correspondência e pacotes em apartamentos errados. Anunciam que dispõem de sauna, mas não há quem ligue os equipamentos. A internet vive fora do ar. O carpete dos corredores exibe manchas constrangedoras. Telefonistas não atendem telefone. Apostam na desistência de quem precisa se comunicar com hóspedes ou moradores. Ufa! O pior: daqui a cinco meses 2010 chegará.