Falsa modéstia

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O segundo turno está no ar. Os candidatos querem fazer bonito. Contratam marqueteiros. Fantasiam-se de bonzinhos, trabalhadores e competentes. Ensaiam o discurso. Esbanjam próclises e mesóclises. Acertam formas rizotônicas e arrizotônicas. Sobretudo evitam o eu.

 

O pronomezinho dá a impressão de arrogância. Saída? Os sabidos recorrem a truques. A maioria parte para o plural de modéstia. Em vez do eu, usa nós. É mentirinha. O nós continua eu. Por isso, o emprego da falsa modéstia impõe regras. O verbo vai para o plural. Mas adjetivos e substantivos não.

 


Kassab disse:

 

— Nós somos candidato corajoso e preparado para governar.

 

Marta não deixou por menos:

 

— Nós somos competente e generosa. Queremos melhorar a vida dos paulistanos.

 

Se o sujeito fosse sincero, o nós se referiria a mais de uma pessoa. Aí, as frases seriam: Nós somos candidatos corajosos e preparados para governar. Nós somos competentes e generosos. Queremos melhorar a vida dos paulistanos.

 

É isso. Como diz o outro, as aparências enganam. Olho vivo!