Falar sem dizer

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O cardeal escocês não teve saída. Acusado de homossexualismo, Keith O’Brien perdeu o moral de participar do conclave que escolherá o sucessor de Bento XVI. Renunciou. Ao jogar a toalha, disse que teve “relações impróprias” com homens. Ops! Ele estudou na escola de Bill Clinton. O então presidente americano era perito em falar sem dizer. Ao confessar o caso com a estagiária Monica Lewinski, usou “relações impróprias” em vez de relações sexuais. Ambos lançaram mão do eufemismo.

Eufemismo é isto: adocicamento do termo. Há palavras que às vezes chocam, causam dor, provocam imagens desagradáveis. A saída? Apelar para outras, mais brandas. É o caso de morte. Muitos sentem medo de pronunciar o dissílabo. O que fazem? Recorrem a eufemismos. Manuel Bandeira chamou-o de a “indesejada das gentes”. Outros dizem passamento, falecimento, viagem, ida para a companhia do Senhor, passagem desta pra melhor, espichar a canela, vestir paletó de madeira, bater as botas. Em suma: para fugir do diabo, recorrem a todos os demônios.