Bateu o pânico na campanha eleitoral. Era hora de gravar o recado. O deputado encontrava-se ali, a postos. O sorriso estava pronto. A pose também. Mas, no momento de ler o texto, pintou a dúvida. “Fui um dos que… “lutou ou lutaram?” Era uma armadilha, ele sabia. O que fazer? Chutar? E se errasse? Cairia na boca dos inimigos. E entraria no rol dos que dizem “nós vai”, ou “a gente fazemos”. Melhor não correr riscos inúteis. A gramática está aí pra prestar socorro. Um dos que é expressão-gilete. Corta dos dois lados. Tapa o singular e o plural. “Fui um dos que lutou”, poderia ter dito o candidato. “Fui um dos que lutaram” também. Ambas as formas estão certas. Mas o sentido muda um pouquinho. O singular é egoísta. Diz que a ação se refere a um só indivíduo. O plural, a todos. Quer ver? Serra é um dos candidatos que ataca o governo. Na frase, dá-se realce ao um. Daí o singular. Serra é um dos candidatos que atacam o governo. Tradução: Lula é um entre tantos candidatos que atiram em Lula & Cia. Por isso o plural. Cuidado. A generalização é burrinha que só. Às vezes o verbo se refere a um ser apenas. Aí, não há alternativa. Só vale o singular. O Tietê é um dos rios da capital paulista que deságua no Paraná. No caso, só o rio Tietê deságua no Paraná. Aí, não dá outra. É singular ou singular.