Em um texto com diálogo, devo usar aspas ou travessão? Pedro Henrique Barboza, 15 anos O travessão (–), Pedro, como Bom Bril, tem mil e uma utilidades. Uma delas responde à sua pergunta: Introduz diálogos. Veja no exemplo de Manuel Bandeira: Imagino Irene entrando no céu — Licença, meu Branco? E São Pedro, bonachão: — Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. Que tal rever os outros empregos? Ei-los. O travessão: Separa as datas de nascimento e morte de uma pessoa: Recife, 1908 — Brasília, 1962. Destaca um termo opaco, escondido. Dá realce ao sem-graça: O presidente conseguiu — até — a adesão dos adversários. Substitui os dois pontos (ao introduzir uma explicação) ou a vírgula: Eis o grande vencedor — o filme que faturou 300 milhões de dólares. (Eis o grande vencedor: o filme que faturou 300 milhões de dólares.) O estado do Rio — o mais afetado pelas chuvas — precisa de ajuda. (O Estado do Rio, o mais afetado pelas chuvas, precisa de ajuda.) Usa-se travessão com vírgula? Só num caso. Se o segundo travessão coincidir com a vírgula: Depois da vitória de Dilma — com mais de 50% dos votos –, o padrinho Lula sentiu-se forte como Tarzã. Viu? Sem o travessão, só haveria a vírgula final: Depois da vitória de Dilma com mais de 50% dos votos, o padrinho Lula sentiu-se forte como Tarzã. Deu para entender? O casamento da vírgula com o travessão é raro como viúvo na praça. Não confunda. No caso em que podem aparecer duas vírgulas em vez dos dois travessões, a vírgula não tem vez: Redigir — na definição do Aurélio — é escrever com ordem e método. (Redigir, na definição do Aurélio, é escrever com ordem e método.)