Gabriela Carvalho Guerra pergunta: “Há situações em que é possível substituir o pronome relativo que por cujo?”
Não. Um é uma coisa; o outro, outra. O cujo é pra lá de especial. Pra figurar na frase, impõe uma condição – indicar posse. Fora isso, é bom bater em outra freguesia. Examine a caminhada do danadinho:
A mulher mora em Brasília. O filho da mulher morreu no acidente.
Que tal juntar as duas orações? O pronome relativo se presta ao papel.
Ele substitui o termo repetido. Qual é ele? Mulher. Da mulher exprime posse. (Filho de quem? Dela.) O cujo pede passagem:
A mulher cujo filho morreu no acidente mora em Brasília.
Muitos trocam o cujo pelo que. O resultado? Mostrengos. Veja esta:
Paulo Coelho, que os livros fazem sucesso nos cinco continentes, pertence à Academia Brasileira de Letras.
Cruz-credo! Alguma coisa está mal. O quê? Vamos ao desmembramento do período:
Paulo Coelho pertence à Academia Brasileira de Letras. Os livros de Paulo Coelho fazem sucesso nos cinco continentes.
Há um usurpador no pedaço. Que roubou o lugar de cujo. Afinal, de Paulo Coelho fala de posse:
Paulo Coelho, cujos livros fazem sucesso nos cinco continentes, pertence à Academia Brasileira de Letras.
Mais esta:
Brasília, que o trânsito é o mais civilizado do país, tem, proporcionalmente, a maior frota de carros do Brasil.
Alguma coisa cheira mal. O que será? O desmembramento dirá:
Brasília tem, proporcionalmente, a maior frota de carros do Brasil. O trânsito de Brasília é o mais civilizado do Brasil.
Eureca! De Brasília indica posse. Abram alas, que o cujo quer passar:
Brasília, cujo trânsito é o mais civilizado do país, tem, proporcionalmente, a maior frota de carros do Brasil.