“Chega! Xô, político pendurado na Justiça!”, desabafaram os brasileiros. Valeu. A sociedade decidiu agir. Apresentou o Projeto Ficha Limpa — com 1,7 milhão de assinaturas. Dois milhões de cidadãos aderiram depois pela internet. Objetivo: impedir que pessoas julgadas pelo tribunal se candidatem a cargo eletivo. Pressionada, a Câmara aprovou o texto.
Chegou a vez do Senado. Suas Excelências reagiram. “A prioridade do povo não é prioridade do Senado”, disse o líder Romero Jucá. Mais tarde, voltou atrás. Os senadores aprovaram o Ficha Limpa. Os fichas sujas festejaram. Por quê? A mudança no tempo verbal livrou os condenados antes da aprovação da emenda.
Mas a alegria durou pouco. Protestos se ouviram em Europa, França e Bahia. Editoriais de jornais, comentaristas políticos, gente como eu você, ele espernearam. Não deu outra. Consultado, o tribunal botou passado e futuro num saco só. Condenado — antes ou depois da lei — fica banido das urnas. Rua!
Teimosia
Muitos não se conformaram. Candidataram-se. O Ministério Público entrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com pedido de impugnação — requerimento para impedir que o postulante se mantenha na disputa. O TSE decide. Acolhe ou rejeita o pedido. Se acolhe, o sujão cai fora da corrida eleitoral. Fica impugnado.
É luta
Impugnar tem sinônimos. Entre eles, combater, contestar, contradizer, contrariar, questionar, rebater, refutar, repugnar, contrapor-se, divergir, opor-se. Também tem antônimos — apoiar, aprovar, confirmar, aceitar, admitir, concordar.
A indesejada dos políticos nasceu latina. É derivada de pugnar. Na língua dos Césares, pugnare quer dizer punir, brigar, lutar. No berço, criou montões de filhotes. Expugnar é um deles. Significa (conquistar à força), tomar de assalto, vencer pelejando. Impugnar, outro.