Escrever para as novas mídias

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Você escreve pra internet? Tem blogue, site, portal? Ou participa de redes sociais? Ou navega palpitando aqui e ali? Num ou noutros casos, tenha uma certeza. Mesmo assinado, o texto não é seu. Ele cria asas e pousa em destinos diferentes do imaginado. Com o escrito, pois, todo o cuidado é pouco. Seu recado se torna seu cartão de visita.

Se você for profissional, terá de mudar a cabeça. Guarde isto: você e o internauta são colaboradores. Comentários viram pauta, notícia, ampliação de conteúdo. Fotos encaminhadas por desconhecidos ilustram matérias, ganham chamadas ou entram em podcasts. Vídeos e áudios têm destino similar. É um admirável mundo novo. Como lidar com ele? Observe:

1. Português correto. Não caia na esparrela de que a pressa justifica tropeços de ortografia, flexões, concordâncias e regências. Erros pegam mal. Desacreditam o conteúdo, o escritor, o blogue, o portal.

2. Textos curtos. A notícia não deve ultrapassar o tamanho da tela. Links aprofundam o conteúdo.

3. Sentenças declarativas com apenas uma ideia. Compare: O senador chegou ao plenário por volta das 14h30 na expectativa de que faria o pronunciamento meia hora depois, mas frustrou-se porque até as 17h não tinha sido chamado. (O período tem três ideias.) Melhor desmembrá-las: O senador chegou ao plenário por volta das 14h30 na expectativa de fazer o pronunciamento meia hora depois. Frustrou-se. Até as 17h não tinha sido chamado.

4. Frases curtas e, sempre que possível, bem-humoradas. Cace e casse sem piedade gerúndios, quês e palavras cuja função é enfeitar. Curso em nível de pós-graduação? É curso de pós-graduação. Caixa contendo 20 bombons? É caixa com 20 bombons. Doença de natureza hereditária? É doença hereditária.

5. Verbos fortes de preferência na voz ativa. Com eles, você escreve textos vivos, arejados e alegres. Em fez de fazer o trajeto, prefira percorrer o trajeto. Em lugar de pôr o dinheiro no banco, que tal depositar o dinheiro? Não diga o segredo. Revele o segredo.

6. Declarações diretas. Entre logo no assunto. Ninguém merece começar a leitura com enrolação como esta: Como todo mundo sabe, o processo eleitoral brasileiro é o mais moderno do mundo. (Ora, se todo mundo sabe, pra que dizer? Não encha linguiça: O processo eleitoral brasileiro é o mais moderno do mundo.)

7. Enunciados concretos. Palavras abstratas e genéricas são pragas que tornam o enunciado longo, obscuro e difícil de ler. Compare: O processo empregado na busca dos melhores profissionais encontrados no mercado constitui tarefa árdua que exige muito tempo. Melhor: A seleção dos melhores profissionais exige tempo e esforço.

8. Facilidade de leitura. Pesquisas provam que 80% das pessoas acessam a internet sobretudo em busca de informação. Quem lhes satisfaz a expectativa ganha ponto. Conquista-as. Siga a dica: menor é melhor. Se fácil, juntam-se tamanho e rapidez. Oba!

9. Foco nas necessidades e hábito dos visitantes. O internauta, vimosem post anterior, tem marcas registradas. Ele é infiel, inconstante, apressado, arisco, crítico, exigente, multimídia, proativo.

10. Respeito ao leitor. Não o subestime. Ele percebe quando encontra uma página incompleta ou feita nas coxas.

11. Narrativa sedutora. Se os fornecedores de conteúdo são os mesmos, como oferecer algo mais para cativar o visitante? A saída: trabalhar bem a informação, explorar ao máximo os recursos da hipermídia. Além do texto, recorrer a áudios, gráficos, vídeos, links. Ou à combinação de todos.