Enem na pauta

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A correção das redações do Enem confirmou certezas. Uma delas: a meninada tem dificuldade de entender o que lê. Vale o exemplo do tema da dissertação: A vida em rede no século 21 — os limites entre o público e o privado. Ops! Rede? Que bicho é esse?

No caso, trata-se do conjunto dos meios de comunicação ou informação. Mas muitos entenderam a dissílaba como a herança que os índios nos legaram para dormir, sentar ou balançar. Esticada entre um armador e outro das paredes, a criação engenhosa nos serve até hoje. Nortistas e nordestinos não abrem mão do vaivém gostoso nem a pedido do Senhor. Eles sabem das coisas. Candidatos a vaga na universidade não chegaram lá.

Outra confirmação: a moçada também tropeça feio na escrita. Quase 100% dos estudantes perderam pontos com a grafia de palavras. A campeã foi entretenimento Apareceu de tudo — entreterimento, entreterrimento, entretimento, entrelimento, etc., etc, etc. A criatividade foi o limite.

Competitividade sofreu senhores maus-tratos. Em relação a ela, imperou a lei do menor esforço. Impiedosos, os garotos lhe roubaram uma sílaba. A pobre virou competividade. Não se conformou. A vingança veio quente. Custou pontos aos chegados à preguiça.

Mais uma maltratada? É radiodifusão. Outra vez o pecado da indolência pediu passagem. Uma sílaba sumiu. O gato comeu? Sabe-se lá. A única certeza é esta: radiodifusão se tornou radiofusão. Cruz-credo! Xô!

Diagnóstico

Grafar as palavras como manda o dicionário tem uma exigência — leitura. A fixação do vocábulo é visual. Ao passear os olhos pela página, sem fazer nenhum esforço, a cabeça grava a forma certinha da silva. Esses, zês, jotas, gês, agás, acentos ficam registrados na memória. Ninguém precisa decorar regras. Basta ler, ler, ler.