Ufa! No dia 8, às 8h, começam as Olimpíadas de Pequim. Quem conhece o perfeccionismo e a determinação chineses não duvida. Serão os mais esplêndidos jogos de todos os tempos. Por isso a imprensa adotou a contagem regressiva. Recorre, então, a duas estruturas. Ambas verdadeiras ciladas.
Uma: o verbo faltar. Quando o sujeito vem posposto, não dá outra. Pisa-se a concordância. Aparecem horrores como “falta 12 dias, falta 10 dias” e por aí vai. Vale lembrar: o dissílabo não goza de privilégios. Concorda com o sujeito: faltam 12 dias (12 dias faltam), faltam 10 dias (10 dias faltam), falta menos de uma semana (menos de uma semana falta).
A outra: a preposição a. Na contagem de tempo, o verbo haver indica passado, a preposição a, futuro. O entusiasmo de repórteres se encarrega de trocar as bolas. Nas páginas de jornais e revistas, lá está “há 10 dias do começo das Olimpíadas” e assemelhados. É a receita do cruz-credo. Melhor fazer as pazes com a língua: Estamos a cinco dias das Olimpíadas de Pequim.