Diquinhas úteis

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1. Você gosta de uma sopinha? Que tal uma canja? Bom, né? O caldo quentinho cai bem, dá conforto ao estômago, aquece a alma. Mas, ao falar em canja, lembre-se. Toda canja é de galinha. Se não for, pode ser tudo. Menos canja. Se algum teimoso insistir na canja de galinha, coitado dele. Pode ter indigestão. Não corra riscos. Tome canja. O estômago agradece. A língua também. Bom apetite.

2. Maria acordou mal. A cabeça pesava. A nuca doía. Preocupada, foi ao centro de saúde. Lá, pediu que lhe tirassem a pressão. A enfermeira brincou: “Não posso tirar a pressão. Se tirar, você fica sem pressão. Sem pressão, você morre. Vou medir sua pressão. Se estiver alta ou baixa, você toma um remedinho. E conserva a pressão”. Desde aquele dia, Maria só mede a pressão. Está viva até hoje.

3. Paulo terminou o curso e, claro, partiu pra busca de emprego. Antes de tudo, preparou o currículo. Nele incluiu os dados pessoais — nome, idade, endereço, telefone. E incluiu o histórico profissional: onde trabalhou, que trabalhos fez . E por aí vai. Para esse item, deu o título de “experiência anterior”. Bobeou. Experiência é a história da vida. Toda experiência é anterior. No currículo, basta escrever experiência. A palavra, solitária, lhe abrirá as portas. Boa sorte.

4. Políticos adotam o slogan “A gente promete. A gente faz”. Eleitores ficam encucados. “A gente está certo?”, perguntam. Está. A gente é outro jeito de dizer nós. Você pode escolher um ou outro. Mas tenha cuidado com a concordância. Nós exige o verbo na 1ª pessoa do plural (nós prometemos, nós fazemos). A gente, na 3ª pessoa do singular (a gente promete, a gente faz). Misturar os dois? Só dá prejuízo. A gente perde o emprego. Perde a promoção. Perde o amor. Valha-nos, Deus!

5. Paulo é gaúcho. Na terra dele se diz “carro zero quilômetros”. Ele se mudou pra Brasília. Na capital dos brasileiros, sempre que diz “zero quilômetros”, os colegas morrem de rir. “Onde eu erro?”, perguntou ele à coluna. Eis a resposta: zero é menos que um. De um pra baixo, o plural não tem vez. É sempre singular: Comprei um carro zero quilômetro. Meu carro tem um quilômetro e meio rodado. O melhor carro do mundo é o zero quilômetro. Não dá trabalho. Nem oficina.

6. Se a gente diz “botar o sapato”, todo mundo entende. Se diz “calçar o sapato”, também. Mas qual a melhor forma — calçar ou botar? Calçar é a palavra mais adequada pro ato de pôr o sapato no pé. Botar pode dar confusão. Imagine dizer “Paulo bota a bota”. Feio não? É melhor: Paulo calça a bota, calça o sapato, calça a sandália, calça o chinelo. No frio, calça as luvas. Hum, que quentinho!

7. Você tem menas roupas que Paula ou menos roupa que ela? Abra o olho. Ter menas roupa é não ter nenhuma pecinha de roupa. Sabe por quê? Menas não existe. Nem aqui nem na China. Só existe menos. Menos é curinga. Vale para o feminino, masculino, singular ou plural (menos roupas, menos sapatos, menos comida, menos diversão). Viu? Menos é como mais. Só tem uma forma: Mais roupas, mais amigos, mais diversão. Tomara que você tenha sempre mais dinheiro.

8. Você pede maiores informações? Ou mais informações? Pense um pouco. A gente fala em maior para indicar tamanho. Minha casa é maior que a sua. Comprei um sapato maior que o pé. Por quê? Casa e pé se medem por metros ou centímetros. Não é o caso de informação. Ninguém quer dois metros ou cinco centímetros de informação. A gente quer informações adicionais, mais informações. Na hora do aperto, peça mais informações. Elas são sempre bem-vindas.