Dicas de estilo

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Palavras simples e curtas

Entre dois vocábulos, fique com o mais curto. Entre dois curtos, o mais simples. Fuja dos antipáticos e pretensiosos. ou somente? Só. Colocar ou pôr? Pôr. Casamento ou matrimônio? Casamento. Precipitação pluviométrica ou chuva? Chuva. Chefe do Executivo ou presidente? Presidente. Contabilizar ou somar? Somar. Equalizar ou igualar? Igualar. Fidelizar ou conquistar? Conquistar. Agilizar ou apressar? Apressar. Flexibilizar ou modificar? Modificar. Comercializar ou vender? Vender. Priorizar ou dar prioridade? Dar prioridade.
Substantivos e verbos

Substantivos e verbos são a roupa e o sapato da frase. As demais classes gramaticais, os acessórios. Escreva com a convicção de que no idioma só existem nomes e verbos. Adjetivos, advérbios, conjunções & cia. devem ser usados com cuidado e parcimônia. “Nos grandes mestres”, ensinou Monteiro Lobato, “o adjetivo é escasso e sóbrio — vai abundando progressivamente à medida que descemos a escala de valores”.
Estrangeirismos

As línguas adoram bater papo. Umas influenciam as outras. Quanto maior o contato, maior a influência. No século 19, o português sofreu grande influência do francês. Assimilou várias palavras francesas. Abajur, garagem, bufê, balé servem de exemplo. No 20, o inglês chegou com força total. Falado pela única potência do planeta, que vende como ninguém sua música, seu cinema e sua tecnologia, impôs-se como língua internacional. O português incorporou muitos vocábulos do idioma de Shakespeare.
Como lidar com eles? Fora matérias especiais, impera a regra da preferência. Dê preferência ao português. Impossível? Abra alas ao termo aportuguesado — gangue em vez de gang; xampu em lugar de shampoo; uísque, não whisky. Só em último caso, o original tem vez. É o caso de marketing, shopping, show. Com um cuidado especial: o leitor deve entender do que se está falando. Sempre que necessário, traduza.
Lugares-comuns

Surpresa é importante ingrediente do estilo. Chama a atenção e desperta a curiosidade. É o gosto pelo inusitado. O chavão vai de encontro à novidade. A palavra ou expressão, tantas vezes repetida, torna-se arroz-de-festa. Pontapé inicial, abrir com chave de ouro, cair como uma bomba & cia. tiveram frescor algum dia. Hoje soam como coisa velha. Transmitem a impressão de repórter preguiçoso, incapaz de surpreender. Xô!
Palavrões

Os leitores são sensíveis. Indignam-se com palavrões, obscenidades e expressões chulas. O jornal só as acolherá em situações excepcionais. É o caso da manifestação de alguém quando a palavra tiver indiscutível valor informativo ou reflita a personalidade de quem a profere. Evite escrevê-la por extenso. A envergonhada terá só a primeira letra grafada seguida de reticências: filho da puta (filho da p…).
Politicamente correto

Não existem palavras inocentes. Algumas mais, outras menos, todas têm carga ideológica. A sociedadeestá muito atenta aos vocábulos que reforçam preconceitos. Cor, idade, peso, altura, origem, condição social e preferências sexuais são as principais vítimas.
Negro é raça. Nessa acepção, use-o sem pensar duas vezes. Pelé é negro. Não é escurinho, crioulo, negrinho, moreno, negrão ou de cor. Evite o adjetivo em expressões de conotação negativa. Em vez de nuvens negras, prefira nuvens pretas ou escuras. Em lugar de lista negra, fique com lista dos maus pagadores. Apague denegrir de seu dicionário. Prefira comprometer. Quer indicar cor? O preto está às ordens.
Gordão? Nem pensar. Diga o peso. Paraíba e cabeça-chata? É preconceito. Identifique o estado de origem com precisão (paraibano, pernambucano, cearense). Bicha, veado, sapatão? Xô! Fique com homossexual, gay, lésbica.
Gênero

Cargos e funções, se exercidos por mulher, escrevem-se no feminino. Presidente (ou presidenta), agente administrativa, secretária-executiva servem de exemplo. Atenção ao exagero. Siga a índole da língua. Na concorrência de feminino e masculino, fique com o masculino plural. Filhos engloba filhos e filhas. Brasileiros, brasileiros e brasileiras. Amigos, amigos e amigas. Não caia no modismo irritante de discriminar — sem necessidade — o sexo das pessoas: os presentes e as presentes, os leitores e as leitoras, os embaixadores e as embaixadoras. Cruz-credo!