DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@dabr.com.br
“Um país se faz com homens e livros”, repetia Monteiro Lobato. E completava: “Os livros não mudam o mundo. Mudam os homens. Os homens é que mudam o mundo”. Ele acreditava no poder revolucionário da palavra escrita. Sonhava inundar o Brasil de textos variados. País atrasado, até então o Brasil importava livros. Lobato fundou a Editora Nacional. Imprimia as obras em papel inferior, de custo baixo. As tiragens grandes tornavam o produto acessível ao grande público.
Hoje gigantescas feiras se espalham Pindorama afora. A de Brasília começa daqui a pouco, às 19h. Mas somos país de não leitores. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, chegou a conclusão alarmante: excluídos os livros didáticos, o brasileiro lê 1,3 livro por ano. Em países desenvolvidos, a média gira em torno de 10. Num ranking de 30 nações, figuramos em 27º lugar.
Razões para a distância? Uma delas: alfabetização tardia. Com o atraso, o país universalizou o acesso ao ensino fundamental depois da experiência eletrônica. Foi mau começo. Outra: o preço do livro. Cobrar R$ 30 ou R$ 40 por obra torna-a inacessível para boa parte da população. Forma-se, então, o círculo vicioso. Tiragem pequena encarece o produto. Preço alto afugenta o consumidor. Mais uma: a desvalorização da leitura pela sociedade.
Como mudar o cenário? Leitura é habilidade. Requer treino. Primeiro passo: dar acesso ao livro. O preço, no caso, conta. Mas não só. Precisa-se de mediadores. Professores e bibliotecários têm papel fundamental no processo. Eles recomendam, discutem, orientam o caminho a seguir. Daí a importância da qualificação desses profissionais. Segundo passo: a valorização do livro. Impõe-se mudar a cultura.
A tevê pode desempenhar papel-chave na virada. Valem dois exemplos extraídos de novelas. Um: em Laços de Família, Vera Fischer e Reinaldo Gianecchini vestiram roupão ao saírem do banheiro. No dia seguinte, esgotou-se o estoque de roupões no comércio. O outro: a Pinacoteca de São Paulo promoveu a exposição de Rodin. A receptividade foi tímida. Toni Ramos e Natália do Vale passaram um capítulo entre as obras. Desde então, as filas de entrada dobraram esquinas. Em suma: a tevê modifica comportamentos. Que tal a leitura fazer parte da vida de personagens como atividade prazerosa?