Paulo Mendes Campos, há 20 anos, escreveu este primor: “Floresta de Miranda era um dos carecas mais simpáticos do Rio. Além de usar um casaco sem lapela (por inútil), de retirar a buzina de cada carro que comprava, de colocar pronomes pelas leis lusas, além de mil outras manias e sistemas, colecionava palavras antipáticas e rebarbativas. Mostrou-me um álbum em que inúmeras pessoas manifestavam suas ojerizas vocabulares. Lá estava um autógrafo do famoso médico e escritor espanhol Gregório Marañon: `Hay una palabra que odio: pedanteria´. Entre as palavras detestadas por diversos manifestantes (Rubem Braga, Olegário Mariano, Bastos Tigre, Mário Simonsen, Genival Londres, W. Berardinelli, Aguiar Dias, Prudente de Morais Neto), anotei as seguintes: ablução, avatar, barbitúrico, bulha, camaleônico, cogumelo, crebro (amiudado), enxaqueca, esculápio, grotesco, hermenêutica, hipocondríaco, hipopotâmico, impertérrito, interregno, leguleio, manipanço, marginália, mastruço, novel, odontólogo, onomatopaico, oxalá, pabulagem, pandemônio, polichinelo, progenitora, prosopopeia, quiçá, rábula, rubiácea e vacum”. Acrescento: cônguje, esquistossomose.
(Colaboração de Roldão Simas Filho)