Crase 3

Publicado em Crase, Geral

 
Os casadinhos 

 
Que confusão! Dea. Daà. Um a tem crase. O outro vem soltinho e feliz como pinto no lixo. Por quê? A razão é uma só: mania de imitação. 

A língua copia a vida. Lá e cá existem os casais. A duplinha tem uma marca.  Um par anda com o outro. Em outras palavras: o que acontece com um acontece com o outro. 

 
De segunda a sexta. 
(De é preposição pura. A só pode ser preposição pura.) Em ambas o artigo não tem vez:

Trabalho de quarta a sexta. 
Os carteiros fazem entregas de segunda a sábado. 
Vejo tevê de domingo a domingo. 

 
Andou da rodoviária à quadra comercial. 
 
(Da é combinação da preposição de com o artigo a. O à vai atrás. É a fusão da preposição a com o artigo a): 
 
Li da página 8 à página 12.  
Expediente da agência: de segunda a sexta, das 8h às 18h30. 
Trabalho das 14h às 18h. 

Atenção, gente fina. Não viaje na maionese. Às vezes, a preposição de pode vir casadinha com o artigo o. O sexo não muda. O segundo par mantém a fidelidade. Veja: 

Viajei do Paraguai à França. 
Fui de carro do Rio à Paraíba. 
Corri do aeroporto à rodoviária. 

Cuidado: há ocasiões em que um dos nomes não pede artigo. O casalzinho fica, então, comprometido: 

Viajei da França a Portugal.
Fui de Cuba à Alemanha.
 
Cruzamentos 

Misturar o par de um com o de outro gera deformações. São os cruzamentos. É como casar girafa com elefante. Já imaginou o pobre filhote? Eis um monstrinho: 

Horário de expediente: de segunda a sábado, de 7h30 às 20h. 

Reparou? O primeiro casalzinho (dea) merece nota mil. O segundo juntou o parceiro de um par com o parceiro de outro. Xô, satanás! A forma bem-amada é: das 7h30 às 20h.