Mas certos temas estão sempre presentes. É o caso da vírgula e da crase. Elas aparecem em qualquer texto e em mil e uma ocasiões. Daí a importância de dominar-lhes o emprego. O sinal de pontuação foi assunto posts anteriores. Chegou a vez do acento grave. Abram-lhe alas. Sem humilhação Ferreira Gullar disse que a crase não foi feita pra humilhar ninguém. Pode ser. Mas que dá nó nos miolos, isso dá. Como desatá-lo? É fácil como andar pra frente. Primeiro passo: desvendar o segredo do acentinho Crase é como aliança no dedo esquerdo. Avisa que estamos diante de ilustre senhora casada. A preposição a se encontra com outro a. Pode ser artigo ou pronome demonstrativo. Os dois se olham. O coração estremece. Aí, não dá outra. Juntam os trapinhos e viram um único ser. Segundo passo: descobrir se existem dois aa Para que a duplinha tenha vez, impõem-se duas condições. Uma: estar diante de uma palavra feminina. A outra: estar diante de um verbo, adjetivo ou advérbio que peçam a preposição a: Vou à escola das crianças. O verbo ir pede a preposição a (a gente vai a algum lugar). O substantivo escola adora o artigo (a escola das crianças). Resultado: a + a = à *
João é fiel à namorada. O adjetivo fiel reclama a preposição a (a gente é fiel a alguém). Namorada se usa com artigo (a namorada de João). Resultado: a + a = à * Relativamente à questão proposta, nada posso informar. O advérbio relativamente exige a preposição a (relativamente a alguém ou a alguma coisa). Questão pede o artigo a (a questão ainda não tem resposta) Resultado: a + a = à Terceiro passo: recorrer ao macete Na dúvida, peça ajuda ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. (Não precisa ser sinônima.) Se no troca-troca der ao, é crase na certa: Vou à escola. Vou ao clube. João é fiel à namorada. Carla é fiel ao namorado. Relativamente à questão, nada posso fazer. Relativamente ao problema, nada posso fazer.