Perdoe-me, senhora, se escrevi carta tão comprida. Não tive tempo de fazê-la curta.” O pedido de desculpas de Voltaire relembra lição pra lá de repetida. Trata-se da concisão. Alguns pensam que essa qualidade do estilo significa escrever pouco. Enganam-se. Significa escrever o que deve ser escrito — sem mais nem menos.
Seis e meia dúzia
O vocabulário ajuda. Pessoa que planta café? É cafeicultor. Criança que não tem educação? É criança mal-educada. Morador das margens dos rios? É ribeirinho. Pôr moeda em circulação? É emitir moeda. Decisão tomada no âmbito da diretoria? É decisão da diretoria. Lei de alcance federal? É lei federal. Julgamento de natureza política? É julgamento político. Curso em nível de pós-graduação? É curso de pós-graduação. Ou, simplesmente, pós-graduação. Talvez pós.
Vem, tesoura
Que tal cortar palavras acessórias? Substantivos e verbos são soberanos. As demais classes gramaticais, serviçais. Adjetivos, artigos, advérbios, pronomes & cia. têm vida instável. Na hora da tesoura, são os primeiros a rolar: O (bom) aluno estuda. O atleta (sempre) treina todos os dias. O Paraguai vive (um) novo golpe. No (seu) discurso, a presidente elogiou os parceiros. Há (alguns) livros indispensáveis. Brasília, (que é) a capital do Brasil, tem 2,5 milhões de habitantes.