“O que seu bairro vai ser quando crescer?”, pergunta manchete do caderno Gerais, do Estado de Minas. Há tempos, ouvi (ou imagino ter ouvido) um professor dizer que não se deve usar o “o”em frases como a publicada no jornal. O correto seria, então: “Que seu bairro vai ser quando crescer?” Me acuda, por favor, suplica Amaury Machado.
No duro, no duro, Amaury, o ozinho é desnecessário. Mas a eufonia o impõe. Daí por que clássicos da língua portuguesa o usaram sem cerimônia. “O que sois?”, pergunta Gonçalves Dias. “O que será, padre?”, indaga Garrett. “O que será feito de Frei Timóteo?”, questiona Alexandre Herculano.
O povo sabido adota o o porque a frase soa melhor. Leia a pergunta da manchete em voz alta — com o e sem o. Qual lhe parece melhor? Escolha-a. É acertar ou acertar.
Mas há casos em que não há escolha. Numas perguntas, o o não cabe. Veja: Que horas são? Que dia é hoje? Que remédio você tomou contra a gripe.
Noutras — quando o quê vem depois do verbo —, o o se impõe: Você disse o quê? Pediremos o que no encontro com o diretor? Eles recomendaram o quê para os estudantes em recuperação?