Adimar Jesus da Silva, o maníaco de Luziânia, estava preso. A Justiça o soltou. Em liberdade condicional, fez e aconteceu. Tirou a vida de seis rapazes. A decisão do juiz mereceu críticas a torto e a direito. O presidente do Supremo Tribunal Federal também se pronunciou. “É desvio como sói acontecer em casos graves”, disse Gilmar Mendes. Ops! Sói acontecer? Que diabo é isso?
Trata-se do verbo soer. O sofisticado quer dizer ser comum, costumar, ter por hábito. Como conjugá-lo? Ele joga no time dos preguiçosos. Defectivo, não tem a primeira pessoa do singular do presente do indicativo. E, claro, não há filho sem mãe. O presente do subjuntivo, derivado da pessoa ausente, não existe. No mais, flexiona-se igualzinho a moer: tu móis (sóis), ele mói (sói), nós moemos (soemos), vós moeis (soeis), eles moem (soem); eu moí (soí), ele moeu (soeu), nós moemos (soemos), eles moeram (soeram). Etc. e tal.
Vamos combinar? Sua Excelência usou um verbo pra lá de chique. Se quisesse ser mais simples, bastava dizer: É desvio que só costuma acontecer em casos graves.