Brasília está assanhada. Com razão. A capital recebe Caravaggio com banda de música e tapete vermelho. O Palácio do Planalto exibe seis telas do genial pintor italiano do século 16. Entre elas, sobressai a Medusa Murtola. O talento do artista capta o momento em que o monstro se vê refletido no escudo. Não se trata de uma visão qualquer. Mas a visão de pavor. A Medusa Murtola
Medusa era um monstro. Tinha duas irmãs também monstros — as Górgonas. Com asas de ouro, mãos de bronze, presas de javali e a cabeça rodeada de cobras, o trio matava de medo adultos e crianças. A razão: quem olhasse nos olhos delas virava pedra.
Das três, só Medusa era mortal. Mas ninguém conseguia matá-la. Quem tentava se transformava em estátua. Valha-nos, Deus! Perseu, o herói, foi desafiado a vencer a criatura. Topou. Como chegar lá? Pesquisou. Pesquisou. Pesquisou. Eureca! Precisava de três objetos.
Um deles: sandálias com asas para voar. Outro: capacete que o tornasse invisível para escapar dos olhos assassinos. O último: um saco mágico para guardar a cabeça cortada.
Atena, a deusa da sabedoria, ajudou o valentão. Pôs em cima da cabeça de Medusa um escudo que funcionou como espelho. Assim, Perseu não precisava olhar nos olhos da moça. Orientava-se pelo reflexo. Então, foi fácil. Pegou uma espada de aço e decapitou a criatura.
Foi a glória. O herói pôs a cabeça no saco, bateu asas e voou. Os olhos mortais das duas irmãs procuravam o atrevido. Mas não conseguiam enxergá-lo. Ele, de capacete, estava invisível. Com o tempo, medusa virou substantivo comum. É mulher feia e má. Xô, bruxa!