Os povos têm marcas registradas. O francês poupa dinheiro. O árabe acredita no fatalismo. O inglês confia no Times. O espanhol se fascina com a morte. O americano adora gravata colorida. O japonês fotografa. O brasileiro? Nós adiamos. Deixamos pra amanhã o que podemos fazer hoje. Se possível, empurramos pra depois de amanhã, pra segunda, pro próximo ano, pro Dia de São Nunca.
Nem todos conhecem a idiossincrasia verde-amarela. Por isso reagem. É o caso do Comitê da Fifa. Ele está com as barbas de molho. Preocupa-se com o atraso das obras necessárias para a Copa de 2014. A reforma dos estádios não saiu do papel. A construção dos novos continua na promessa. Enquanto fiscalizavam, os mandachuvas do futebol se encucaram com uma questão de ortografia. Por que atraso se escreve com s e fiscalizar com z? Afinal, a pronúncia é igualzinha.
A resposta está na formação das criaturas. Atrasar pertence ao clã de tras, atrás, traseiro, atraso. A família nasceu com s. Os descendentes mantêm a letrinha. Fiscalizar vem de fiscal. Sem s no radical, precisa do -izar para vir ao mundo. Daí o z em toda a filharada: fiscalização, fiscalizado, fiscalizador.