Quem costuma viajar não se surpreendeu com a notícia. Há muito os brasileiros descobriram que vivem num país com custo de vida salgado. Pra lá de salgado. Roupa, comida, lazer, transporte custam mais aqui que em Nova York, Paris ou Londres. A pesquisa ora divulgada só confirma que a dor no bolso não é psicológica. É real.
Avançamos a passos largos no ranking da carestia. Em 2010, São Paulo figurava no 21º lugar. Foi para o 10º. O Rio de Janeiro saltou do 29º para o 12º. Brasília, do 70º para o 33º. Pior: na corrida para o topo, a velocidade verde-amarela tem poucos adversários. A capital da República tem dois.
Ao comentar resultados tão dolorosos, repórteres falaram em preços caros. Bobearam. Caro e barato estão subentendidos em preço. Quer ver? Por que Brasília é uma cidade cara? Porque os preços são altos. Por que Buenos Aires é barata? Porque lá os preços são baixos. Para acertar sempre: o objeto é caro ou barato (fruta cara, livro barato). O preço, alto ou baixo: Os preços no Brasil são altos. Na Argentina, baixos.
Duas classes
Olho vivo! Caro e barato jogam em dois times. Podem ser adjetivos ou advérbios. No primeiro, não gozam de privilégios. Flexionam-se em gênero e número: produto caro, produtos caros; roupa barata, roupas baratas. A comida está cara. O ingresso de cinema é muito caro aos sábados e domingos. Durante a semana, é mais barato.
No segundo, mantém-se invariável: Viver no Brasil custa caro. Paguei barato pelos carros. Os aluguéis em Brasília custam caro, muito caro. As frutas nos supermercados já foram baratas. Hoje custam caro.
É isso. Em época de preços altos, impõe-se pesquisar. No levantamento, aparecem negócios que vendem o mesmo produto mais caro e mais barato. Em compro os baratos. Mas há os que optam pelos caros.