Claque
Márcio Cotrim
A palavra tem seu berço no francês claquer, aplaudir, fazer ruído. Como o vocábulo também lembra bofetada, estalo, é natural que na origem esteja a onomatopeia do batimento das mãos. Embora claque seja termo ligado às artes espetaculares, designando o grupo de indivíduos aliciados ou contratados para aplaudirem em determinados momentos das representações e, assim, puxarem as palmas do público, o berço do hábito é bem antigo. Os claquistas surgiram em Roma no tempo do Imperador Nero, que os arregimentava para aplaudirem suas exibições como compositor e músico. Desde o século 16, em França, há notícia de claques organizadas. Mais tarde ficaram conhecidas como chevaliers du lustre pelo fato de seu lugar situar-se no meio da plateia, geralmente bem embaixo do lustre principal do recinto.
No início do século 20, também em terra francesa, surgiu uma empresa de claque dividida por especialidades, como os chorões que soltavam lágrimas e gemidos nas partes mais dramáticas, os gargalhadores, que riam estrondosamente, e os biseurs, que pediam bis com frequência, etc. Até hoje, a claque estimula o artista, embora seja insuportável naquelas abomináveis comedinhas americanas chamadas sitcom em que todo mundo ri de tudo.