Engolir saposMárcio Cotrim
A origem dessa expressão popular de certa maneira está na Bíblia. Nela se descreve uma das pragas do Egito: a invasão de milhares de rãs por todo o território do país. Durante a preparação e ingestão de alimentos, nas cidades egípcias, lá estavam os anfíbios. Eles não só invadiam cozinha, quartos e banheiros das residências, mas também os pratos dos habitantes locais. Daí a expressão engolir sapos suportar situações desagradáveis e inesperadas.
Mas por que o sapo? Poderia ser engolir um caroço de azeitona, não é? É regionalismo típico do Brasil. De acordo com Luís da Câmara Cascudo, o sapo é indispensável nas bruxarias. Acreditava-se que existia uma pedra na cabeça desses batráquios, muito eficaz nos sortilégios. Quer dizer, além de gosmentos, os bichos eram associados a forças ocultas.
A verdade é que há situações na vida em que somos obrigados a, como se diz, engolir sapos. Não é um alimento saudável, provavelmente pouco saboroso, mas às vezes essa atitude é a melhor saída para levar adiante um projeto ou livrarmo-nos de gente inconveniente. Entre nós, o melhor restaurante onde sapos são servidos é a política. Dá até gosto acompanhar certas refeições.