Conhece Rômulo Marinho? Ele é o maior especialista brasileiro em palíndromos — palavras ou frases que se leem indiferentemente da esquerda pra direita ou da esquerda pra direita. Quem quer estudar o assunto não tem saída. Precisa recorrer às obras marinhas. Leitor do blogue, RM nos brinda com aula de imperador. Os exemplos, inclusive os ignóbeis, foram produzidos por ele. Aprecie.
Assim são os palíndromos
Rômulo Marinho
Entendo que os palíndromos devem ser ordenados assim:
Quanto à forma: naturais e artificiais Quanto à estética: perfeitos e imperfeitos Quanto ao sentido: explícitos, interpretáveis, insensatos, esdrúxulos e ignóbeis
Quanto à forma
Palíndromos naturais: nasceram quando as palavras foram inventadas e são palindrômicas por mera casualidade, tais como: ANILINA, ARARA, MERECEREM, SOMÁVAMOS.
Palíndromos artificiais: com duas ou mais palavras, foram criados intencionalmente para esse fim: LIBÂNIO INÁBIL – ATACA PACA PACATA – A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA.
Quanto à estética
Palíndromos perfeitos: são criados com obediência às regras gramaticais e de sintaxe, nos quais os sinais ortográficos (diacríticos ou de pontuação) não oscilam de posição: O TEU DRAMA É AMAR DUETO – O TENRO PRAZER É REZAR POR NETO. Observe que o acento agudo nas leituras de lá pra cá ou de cá pra lá incide na mesma letra.
Palíndromos imperfeitos: não obstante produzidos com respeito às regras, a manutenção dos sinais na mesma letra não é respeitada e pode até desaparecer: SÓ COM O TIO SOMÁVAMOS OITO MOÇOS. Nesse, o acento agudo da palavra SÓ não existe na parte inversa. O de SOMÁVAMOS muda de posição quando se lê da direita para esquerda e o ç, que consta na parte inversa, não aparece na direta.
Quanto ao sentido
Palíndromos explícitos: trazem mensagem direta, clara e inteligível: E ATÉ O PAPA POETA É – A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA.
Palíndromos interpretáveis: o leitor necessita de pequeno esforço intelectual para entender o que quis dizer o autor: A RITA, SOBRE VOVÔ, VERBOS ATIRA.
Palíndromos insensatos: cuidam apenas de juntar letras ou palavras que formam frases sem qualquer sentido, mas palindrômicas: OLÉ! MARACUJÁ, CAJU CARAMELO.
Palíndromos esdrúxulos: além de seguirem as regras idiomáticas, podem ser lidos da direita para a esquerda, têm o mesmo sentido, mas não são palíndromos na acepção da palavra: na leitura vice-versa falta-lhe a literalidade da similitude: A BOLA DA LOBA ATIVE EVITA. SOMAR A MACA NA CAMA E A MALA NA LAMA, RAMOS!
Palíndromos ignóbeis: não obstante possam ser lidos da esquerda para a direita e vice-versa com o mesmo resultado dos demais, não obedecem às regras idiomáticas. Devem ser desprezados: O LAVA COMO CAVALO e AGIRÁ PARA OMITIR O RITMO A RAPARIGA e outras barbaridades similares que poderão ser encontradas na internet.