Ambos têm denominadores comuns. Um deles: estão distantes das manchetes. Outro: nasceram de iniciativa da Universidade Federal de Goiás. Mais um: mudam paradigmas. Em vez de bloco monolítico, o ensino universitário se adapta a necessidades particulares.
Assentados têm compromissos com o calendário. Há época de plantar e época de colher. Os alunos não são estudantes profissionais. Precisam trabalhar. Por isso têm curso especial, com períodos de aula diferentes dos demais universitários. Ficam no câmpus três meses. Vão pra casa. Dois meses depois, voltam aos livros. Assim fazem até receber o diploma.
O modelo, além de atender às urgências sazonais, permite que a moçada mantenha o vínculo com o campo. Pode-se perguntar, por exemplo, por que direito e não agronomia ou veterinária? A resposta: o movimento enfrenta muitas ações na Justiça. Sem profissionais que lhe conheçam as peculiaridades, é vencido quando poderia ser vencedor. Nada impede que se abram outros cursos.
Pode-se perguntar, também, se a formação isolada não prejudica a socialização e a visão plural, marca da universidade. O Ministério Público levantou a questão. Alegou discriminação. Por que dar tratamento diferente para assentados e não para domésticas, frentistas ou pescadores? A formatura veio antes da decisão da Justiça.
As duas experiências abrem caminho para a busca de soluções criativas necessárias para um país tão diversificado quanto o nosso. Incluir o particular contribui para chegar ao universal. Ao fazer parte do todo, o antes separado enfrentará os mesmos desafios. Os doutores assentados vão se submeter ao Exame da Ordem. Como todos.