Ufa! Foi overdose. Jornais, telejornais e debates deram espaço pra lá de generoso a dois assuntos. Um deles: a MP dos Portos. O outro: a PEC das Domésticas. O que há de comum entre ambos? O uso de siglas. De tão repetidas, as letrinhas se tornam pra lá de familiares. Não é por acaso. Trata-se de recurso da língua pra entrar no clima da modernidade. Nestes tempos em que o tempo é o nosso maior luxo, um mandamento sobressai: menor é melhor.
Nós as repetimos com intimidade. É o caso da PEC das Domésticas. O trio quer dizer proposta de emenda à Constituição. É o caso, também, de MP, redução de medida provisória. E CEP? Trata-se de código de endereço postal. A danadinha virou sinônimo de endereço. “Há uma humanidade comovente no meu CEP e em tantos outros semelhantes aos meus nesta Brasília que tantos desconhecem”, escreveu Conceição Freitas na Crônica da Cidade.
Toma lá, dá cá
As siglas dão e cobram. Dão rapidez e economia. Cobram respeito à grafia. Como escrever tão especiais criaturas? Assim:
1. Todas as letras maiúsculas em dois casos:
1.1. Se a sigla tiver até três letras: PM (Polícia Militar), UTI (unidade de terapia intensiva), PIB (produto interno bruto), OEA (Organização dos Estados Americanos), OMC (Organização Mundial do Comércio), UE (União Europeia), TAM (Trasnsportes Aéreos Marília)
1.2. Se as letras forem pronunciadas uma a uma: INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), SHTN (Setor Hoteleiro de Turismo Norte), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
2. Só a inicial maiúscula nos demais casos: Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), Detran (Departamento de Trânsito), Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial)
Viu? As danadinhas têm uma manha. São sem-sem — sem espaço e sem ponto.