Junho vem aí. Com ele, as festas mais amadas dos brasileiros. Sobretudo no Nordeste, comemorar são-joão não é acaso nem favor. É obrigação. Há cidades que passam o ano inteiro se preparando para os festejos. É o caso da paraibana Campina Grande. Lá nada pode faltar. Pousadas, barraquinhas, fogueiras, quadrilhas, música, quentão, pés de moleque, canjica, pamonha, milho-verde, batata-doce, tudo se oferece cheio de charme, cores e sabores.
As demais regiões não ficam atrás. Crianças e adultos se fantasiam de caipiras. Vestido de chita, chapéu desfiado e maquiagem vistosa circulam com camisa xadrez, bota, cinturão e bigodinhos finos. Sobram iniciativas beneficentes. Pessoas ou empresas unem o útil ao agradável. Organizam a festa para auxiliar instituições. É o caso do Arraial Solidário, do Correio Braziliense. Este ano, anúncio do evento criou polvorosa. “Neste arraial”, diz o texto, “se gritarem `a ponte caiu´, vai todo mundo ajudar a consertar.” A questão: está correto o emprego do demonstrativo este? Faça a sua aposta. E daí?
Os pronomes este, esse e aquele dão nó em fumaça. Ariscos, não se deixam captar. Quando empregar um? Quando é a vez do outro? O pior é que o papel deles é bem definido. Eles são parecidos, mas não se confundem. Pra entender um deles, lembre-se das pessoas do discurso. Discurso, aí, significa conversa. As pessoas do discurso são as que tomam parte em um bate-papo.
Para haver diálogo, são necessárias três pessoas. Uma fala (1ª pessoa), uma escuta (2ª pessoa) e o assunto, que é a pessoa de que se fala (3ª). Imagine que Rafael telefone para João e lhe pergunte se viu o filme Palavra (en)cantada. No caso, Rafael fala. É a 1ª pessoa. João escuta. É a 2ª. Do que eles falam? Do filme. É a 3ª. Elas têm tudo a ver com um dos três empregos dos versáteis demonstrativos. É o que indica situação no espaço. Questão de lugar
Este: diz que o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós). Aceita a companhia do advérbio aqui: esta sala aqui (a sala onde a pessoa que fala ou escreve está); este livro (o livro que temos em mão).
Esse: diz que o objeto está perto da pessoa com quem se fala (você, tu). Adora a companhia do aí: essa sala aí (a sala onde está a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos).
Aquele: diz que o objeto está longe da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala. Aceita vir junto do ali: aquele quadro ali, aquele portão, aquela cidade. O anúncio
É nesse emprego que se encaixa o anúncio. A placa está fincada no arraial. Se o arraial falasse e perguntássemos a ele “que arraial”? Ele responderia “este aqui”. Nota 10. Outros empregos
1. situação no tempo
Este: tempo presente: esta semana (a semana em curso), este mês (mês em curso), este ano (ano em curso)
Esse / aquele: tempo passado (esse: passado próximo; aquele: passado remoto): Estive em Minas em 1992. Nesse (naquele) ano, visitei as cidades históricas. 2. situação no texto
Este: exprime referência posterior (anuncia-se o fato que será referido depois): Lula disse esta frase: “Quero ser presidente da Petrobras”.
Reparou? A frase é anunciada: “disse esta frase”. Depois, expressa: “Quero ser presidente da Petrobras”..
Esse: fala de referência posterior (o fato é referido antes; depois, retomado): “Quero ser presidente da Petrobras.” Lula disse essa frase no encontro com Hugo Chávez.
Ao dizer essa frase, damos um recado. A frase já foi dita.