As palavras são cheias de manhas. Algumas têm plural. Mas, em certas construções, só se usam no singular. É o caso das partes do corpo. Cabeça, por exemplo. Dizemos que os presentes balançaram a cabeça (não as cabeças) porque cada um só tem uma cabeça.
Outro dia, o jornal criou um monstro. Escreveu: “O grupo alerta a todos que defendem o Afeganistão que iremos cortar seus pescoços antes de chegarem a Cabul”. A conclusão é uma só. O grupo é descendente da Hidra de Lerna, que tinha nove cabeças. Se não for, o singular se impõe: O grupo alerta a todos que defendem o Afeganistão que lhes iremos cortar o pescoço antes de chegarem a Cabul.