A parte mais dolorosa do corpo
Ao falar ou escrever, costumamos frisar nossa opinião. Algumas pessoas dizem “a meu ver”. Outras, “ao meu ver”. De tanto ouvir as duas formas, acabamos confusos. Ambas são corretas? Ou só uma? Se só uma, qual? Você sabe responder à pergunta? Faça o teste. Leia as frases com cuidado e assinale as que estiverem certinhas da silva:
a. A meu ver, o Brasil vai crescer 2% este ano.
b. Ao meu ver, o Brasil vai crescer 2% este ano.
c. Fez o trabalho a meu pedido.
d. Fez o trabalho ao meu pedido.
E daí?
Escolheu a a e a c? Acertou. O artigo indesejado não pega você pelo pé. Preferiu outra letra? Bobeou. Leia a liçãozinha a seguir para descobrir por quê.
Sem vez
A discussão surgiu no cursinho para concursos. Os colegas comentavam a prova de redação. Opiniões não faltavam. Uns acharam que os textos dados não tinham nenhuma relação com o tema. Por isso só atrapalharam. Outros discordavam. Consideraram-nos muito úteis.
— Ao meu ver, disse um, o problema era saber desenvolver o tema.
— Ao meu ver?, estranharam alguns. Não mesmo. A forma é a meu ver.
A discussão pegou fogo. A turma se dividiu. Fez uma aposta. Quem perdesse pagaria o lanche. Onde buscar a resposta? Foram todos ao dicionário. Lá estava, escancarado no Aurélio: A meu ver, Pedro não tem razão.
Na hora da dolorosa, ouviram-se gemidos. Pudera. O bolso é a parte mais sensível do corpo. Como dói!
Invejosos
Outras expressões seguem a receita do ‘a meu ver’. Formadas por pronome possessivo, mandam o artigo plantar batata na esquina. É o caso de a meu pedido, a meu modo, a meu bel-prazer: Fez o trabalho a meu pedido. Segui o roteiro a meu bel-prazer.
Abra o olho! A pessoa pode mudar. Volta e meia, o eu dá passagem a outros pronomes. Mas o artigo continua sem vez: Viajou a seu pedido. Cada um leva a vida a seu modo. A seu ver, nada pode ser feito.
Teste
Está pra lá de certa a frase:
a. A seu ver, Paulo poderia ter tirado nota mais alta no vestibular.
b. Ao seu ver, Paulo poderia ter tirado nota mais alta no vestibular.
A resposta? É a a, claro.
Mino Carta provocou:
“A língua tem mais de 50 palavras. Use-as.”