A cantora que virou estrela

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Glória Maria chegou ao céu. Lá, encontrou velhos amigos. Entre eles, João Goulart. O presidente, braços abertos, correu ao encontro da cantora mais antiga de Brasília. “Eu sei que vou te amar”, cantava ela pra lembrar as boas festas do Palácio da Alvorada.
 
Paulo José Cunha, aqui na terra, homenageou a artista que alegrava a noite da capital. Compôs o poema “Boca da noite”. Generoso, dividiu a obra com os visitantes do blog.
 
 
Boca da noite


 

(cantiga para Glória Maria)

 

                              Paulo José Cunha, 08.10.2008 

 

 

Quando uma voz se cala

dentro da noite boêmia

é a cidade toda que se cala

como se ouvisse

um cantiga estranha

cantada em outra escala.

 

Quando alguém da noite pára

de cantar, alguém pode pensar

que a canção parou, sem reparar

que a canção que um dia foi cantada

permanecerá cantando-se, eterna,

e encantada, em cada trago,

em cada boca apaixonada. 

 

quando a voz 

que um dia embalou amores e paixões

suspende o tom, e faz silêncio,

é como se dissesse:

– Agora, é com vocês, 

que saem dos bares de mãos dadas. 

 

Porque a canção que uma voz

plantou em plena madrugada  

renascerá eternamente, em cada trago,

em cada beijo, 

em cada troca de olhares,

em cada paixão desesperada.