BOTECO, BATIDA E BURACO NO PISO DO FUSCA
Capim-santo, capim-limão, capim-cidreira, erva-príncipe, capim-cidrão, capim-cheiroso, erva-príncipe, capim-cidrão, capim-cidrilho, capim-cidró, capim-cheiroso e capim-marinho. Qual a diferença? Nenhuma todos os nomes são para a mesma planta a Cymbopogon citratus.
Sabe a Lei Seca? Blitz para soprar o bafômetro? Podem acreditar que teve um tempo que nada disso existia. E eu estava lá.
Na 110 Sul abriu um bar novo, isso devia ser 1973. Era o Só-Kana, com batidas de cachaça ou vodka de vários tipos. A batida de Capim Santo era a curiosidade do momento.
Junto com dois amigos fui lá provar. Realmente a batida de capim era uma experiência única. Uma vez só e nunca mais.
A batida é um coquetel tipicamente brasileiro, feito com cachaça, frutas ou sucos e um toque doce ou cremoso — como leite condensado, leite de coco ou creme de leite. O nome vem do verbo “bater”, já que a bebida é tradicionalmente preparada no liquidificador, à mão ou batida no pilão, com bastante gelo, sendo servida bem gelada. Representa a criatividade do brasileiro em transformar ingredientes simples em algo saboroso, acolhedor e coletivo.
No Só-Kana conheci um amigo de um dos meus amigos. E resolvemos ir os quatro juntos para o Centro Comercial Gilberto Salomão, que bombava na época. O único motorizado era eu, a bordo do meu “possante”, um fusquinha 68 azul, com uma particularidade muito especial, um “chão solar”, solar de solo, um buraco fruto da ferrugem, herança de um passado junto à maresia do litoral.
Meus passageiros do banco de trás sempre eram avisados, pule o tapete, tem um buraco aí embaixo.
Calhou do tal amigo do amigo sentar onde ficava a tal armadilha. E ele, acreditando que o motorista cabeludo de olhos vermelhos, da mistura de lentes de contato com cachaça, que nunca fumou nada na vida, também era chegado a um cigarrinho do capeta, sacou um caixinha de fósforo com a erva e gentilmente ofereceu, vamos acender unzinho?
Foi a deixa, a senha, não deu nem tempo de ninguém responder. Quando comecei a sair da vaga, um carro da polícia nos fechou e desceram uns 6 ou 10 policiais nos cercando. Na verdade acho que eram só uns 2 ou 3.
Na tensão do momento ainda deu tempo de gritar para o Mané da erva, levanta o tapete e joga esta m***a fora!
O guarda bate no vidro.
-Documentos! Cadê as drogas?
– Que é isso seu polícia? Só tomamos cachaça!
– Isso não é problema! (ah se fosse hoje….)
Baculejos terminados, salvos pelo chão solar, somos liberados. O Mané ainda pede, espera um pouco que vou procurar a erva. Larguei ele lá agachado procurando sua preciosa caixinha.




