QUAL É A SUA HISTÓRIA SOBRE A COMIDA AFETIVA? – IV – responde Flávia Alves

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Qual é a sua história sobre comida afetiva? Aqueles pratos da sua infância que vinham da cozinha da sua mãe ou da sua avó. Pratos que são mais do que simples alimentos, que representam gestos de carinho, envolvem emoções, memórias e trazem um senso de pertencimento.

Qual é a sua “Madeleine de Proust”? Aquele sabor ou cheiro que o transporta para o passado, evocando memórias profundas e, muitas vezes, inesperadas.

 

Minha amiga Flávia Alves, que já caminhou por diversas trilhas do mundo, do Caminho de Cora Coralina em Goiás ao de Santiago de Compostela, Espanha, nos traz lembranças das férias no Espírito Santo, onde já fez o Caminho de Anchieta.

Quando menina, nas tão esperadas férias, íamos para Praia da Costa e Guarapari, como eram por três meses, nos dividíamos em visitas aos parentes. Na casa de vovó Sinhá (mãe de minha mãe) a maior delícia era o arroz soltinho feito com molho de tomate, arroz vermelhinho e o doce de leite😋😋😋feito de uma maneira que só ela sabia. Tinha uma granulosidade, meio como se tivesse grãos macios, a cor era café com leite. Huuummm! Vinha com canela em pó. Não sei a receita, imagino que era só

mesmo uma colher de sopa rasa de extrato de tomate Elefante na hora de refogar. Não existia outra coisa, nada de molhos italianos sofisticados e temperados como agora. Ela nunca revelou o segredo da receita, mas acredito que era o amor e alegria por ter os netos em casa.

Depois ainda tinha a carne de porco de lata da vó Ana, mãe de papai, e as bananas fritas com açúcar e canela, mas nisso tem muito da terra preta do Espírito Santo que confere às frutas uma doçura excepcional. As delícias da casa de tia Zelma, nossa segunda mãe, é base das longas férias: pavê de leite condensado, tortinha tudesca , palha italiana e torta capixaba. E aquela farra de caranguejos, cada um dos 10 primos com sua tabuazinha e seu martelinho na longa mesa da varanda 😜

Da minha mãe lembro com saudade do mingau que logo curava; a gemada nos invernos rigorosos do cerrado da década de 60 e dos bolinhos de chuva passados no açúcar com canela nas tardes chuvosas, depois dos banhos de chuva.

É isso: algumas das memórias gustativas que o carinho e a afetividade das mulheres da minha vida deixaram gravadas em mim.

 

SUGESTÃO DO SOMMELIER: devido a não ser uma torta muito doce indico um vinho de sobremesa com um menor teor de açúcar, como um Colheita Tardia ou um espumante Moscatel.

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