São João, São João! Acende a fogueira do meu coração e me dá um quentão!
A Cíntia, minha aluna e leitora pergunta: “Professor Sérgio existe algum vinho que se presta para fazer vinho quente? Tenho que levar um para uma festa junina.”
Junho sempre chega trazendo as festas juninas e o meu aniversário. Muitas vezes comemorei meu dia com uma festa junina no estilo, sendo que nas bebidas nunca faltou o quentão, principalmente o de vinho.
Essa ideia de misturar especiarias com o vinho vem de longe, os antigos gregos e romanos já adotavam esta prática. E as usavam tanto para disfarçar o gosto de vinhos já passados como também de forma a aproveitar as suas propriedades medicinais.
O vinho quente é consumido em muitos países, com pequenas variações da receita, levando pimenta, baunilha, anis estrelado e outros condimentos. É conhecido como mulled wine na Inglaterra, gløgg nos países nórdicos, vin chaud na França, vin brulé na Itália, glintwein na Rússia e como sangria caliente na Espanha.
Na Holanda e na Alemanha é o glühwein. Algumas fontes creditam aos imigrantes alemães a vinda da receita para o Brasil, já outras informam que o vinho quente nas nossas paragens remonta aos tempos coloniais.
Sabem aquelas histórias que gostamos de acreditar? Ouvi dizer que chamar o vinho quente de quentão é um caipirês para “muito quente”. Confirmado mesmo é que alguns folcloristas identificaram que já no século XIX a palavra quentão era utilizada no interior de São Paulo para nomear o vinho quente.
Vou dar uma receita de vinho quente e outra de quentão, mas desde já aviso que a única testada aqui em casa é a de quentão. Um alerta, tanto o quentão como o seu primo, o vinho quente, como é óbvio pelo nome, são feitos com vinho aquecido, o que diminui um pouco a graduação alcoólica, mas também concentra os defeitos.
Portanto não se deve usar vinho de baixíssima qualidade, daqueles de garrafão ou suave, porque serão dor de cabeça garantida. Também não devemos usar o restinho da garrafa que ficou perdido no fundo de geladeira. Aquele do tipo que “se não serve para beber tempera a carne ou põe no quentão”.
Tanto na vida, como na culinária, para se obter um resultado de primeira qualidade o segredo é também utilizar ingredientes de primeira.
Não tem nenhuma comprovação científica, mas tem um povo que fala que o vinho quente com canela é abortivo. Já outros dizem que ajuda a menstruação a descer, caso esteja atrasada. Sabe como são estas coisas, tem hora que eu acredito, tem hora que eu não acredito, mas fica o alerta.
VINHO QUENTE
Ingredientes:
1 copo de açúcar
Canela em pau à gosto
Cravo à gosto
1 l de vinho tinto seco
1/2 l de água
Raspas de casca de laranja e de limão
1/2 maçã (verde ou vermelha) descascada e cortada em fatias
Modo de Preparo:
Queime a metade do açúcar com o cravo e a canela
Acrescente o vinho, já misturado com a água
Junte a maçã, as raspas de casca de laranja e de limão e o açúcar restante
Deixe cozinhar um pouco e sirva bem quente
QUENTÃO
Ingredientes:
- 1 copo de água (200 ml)
- 2 litros de vinho tinto seco
- 2 paus de canela
- 1 1/2 copo de açúcar
- Gengibre a gosto
- Cravos a gosto
Modo de preparo:
- Numa panela coloque o açúcar e o gengibre cortado em fatias finas
- Leve ao fogo
- Quando o açúcar começar a derreter acrescente os demais ingredientes
- Assim que levantar fervura, deixe por mais 10 minutos.
- Em seguida sirva bem quente.