Contratar o serviço de uma seguradora de automóveis exige cuidado redobrado do consumidor. Por ser um modelo de contratação em que o cliente só recebe o contrato (a apólice), em média, quinze dias depois do fechamento do negócio, o primeiro passo é ficar atento aos itens expostos na proposta apresentada pelo corretor, como valor da franquia, ressarcimento à terceiros e tempo de carro reserva. Com isso, o cliente evita o aborrecimento de descobrir a real cobertura em um momento de sinistro.
Em 2015, um dos quesitos que o consumidor deve ficar atento é o preço praticado pelas seguradoras. Embora não haja um reajuste médio a ser praticado pelo mercado, dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que, entre o primeiro semestre de 2013 e de 2014, o aumento da quantia paga pelo serviço contratado foi de 5,6% no Distrito Federal e 4,1% no Brasil. Um dos fatores que deve influenciar para a alta do valor do seguro será o aumento do roubo de veículos. No DF, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública local, esse tipo de crime cresceu 69,1% em 2014. “O seguro não vai subir na proporção do índice de roubos, mas esse tipo de informação impacta no preço porque a seguradora tem que trabalhar com um risco maior”, explica Carlos Cavalcante, representante do Sindicato das Seguradoras no Distrito Federal.
Para fazer a cotação, as seguradoras usam o endereço e o perfil do cliente. A partir desses dados, ela vai chegar no preço final. “Por isso é importante que o consumidor não forneça informações erradas e não deixe que o corretor faça o mesmo para abaixar o preço a ser pago. Por exemplo, o cliente preenche o formulário afirmando que o carro dorme em garagem, quando na verdade, passa a noite na rua. Quando o seguro for acionado, a seguradora vai fazer a investigação e pode descobrir que o consumidor agiu de má-fé, assim ele perde a cobertura”, orienta Victor Cabral, conciliador do Procon-DF.
A pedido do Correio, a Bidu Cotações de Seguros fez um levantamento de preços para descobrir as variações entre as regiões administrativas do Distrito Federal e descobriu diferenças de mais de 48,8% de um endereço para outro, com valores que podem chegar a R$ 1 mil. Para a simulação, o carro utilizado foi um Fiat Pálio, quatro portas, zero quilômetro e o perfil do condutor um homem de 30 anos, que mora em um prédio sem garagem e percorre cerca de 20 quilômetros por dia com o veículo. Pela pesquisa, um morador de Ceilândia pagará mais pelo seguro – média de R$ 3.580,40. Em Samambaia, o condutor também vai desembolsar mais – R$ 3.514,13. Em compensação, regiões como Cruzeiro, Octogonal e Sudoeste, os valores são menores. No Cruzeiro, por exemplo, o mesmo perfil pagará R$ 2.405,96.
Além da diferença entre as regiões, o que chamou a atenção foi a variação de preços entre as seguradoras. Segundo o levantamento feito pela Bidu, dependendo da região, a diferença pode chegar a 157%. É o caso de Samambaia. Para o mesmo perfil de veículo e cliente, é possível encontrar preços de R$ 1.970,45 até R$ 3.514,13. “Por isso que a gente orienta ao consumidor a sempre fazer pesquisa de preço. Mas também não é só ir pelo mais barato. É avaliar se aquele serviço atende às suas necessidades”, orienta Maurício Antunes, diretor de marketing da Bidu.
A professora Ana Paula Braga Reis, 41 anos, não escolhe mais o seguro só pelo preço. No ano passado, ela contratou a seguradora Generali pela Corretora Seguros BRB e, quando teve o carro batido, no lugar de se sentir confortável por ter um seguro, a professora teve uma dor de cabeça a mais. “Demoraram mais de 30 dias para autorizar o serviço. Depois, fiquei mais dois meses sem carro esperando o conserto. Mas o pior foi quando eu peguei o carro e a bateria arriou de tanto tempo que ele ficou sem funcionar na oficina”, contou.
Sem carro por mais de dois meses e morando em um condomínio com difícil acesso a transporte público, Ana Paula acabou optando por comprar outro carro até que a situação fosse resolvida. “Bati o carro em julho e só consegui pegá-lo no fim de agosto. Um desrespeito. Agora, na renovação, procurei escolher uma empresa maior, de mais renome e mais comprometida com o cliente”, comentou. Em resposta ao Correio, a Corretora Seguros BRB informou que a seguradora Generali foi acionada no mesmo dia que Ana Paula entrou em contato com a corretora e que o atraso no conserto se deu por falta de peças.
Atrasos
A demora das seguradoras de veículos em fazerem a vistoria e autorizarem o serviço, além do constante atraso no prazo do conserto, são as principais queixas dos consumidores em relação à prestação do serviço de seguradoras. As empresas têm dificuldades de cumprir o prazo de 30 dias estipulado pela Susep para a resolução do problema, mesmo com as penalidades previstas pela autarquia que regula o setor, como a cobrança de multas. No Procon-DF, de 2013 para 2014, as queixas contra seguros – nesse índice contabilizam não só os automotivos – cresceram 45,2%.
Para o não cumprimento dos prazos, as seguradoras se defendem alertando sobre os gargalos que o segmento passa. Entre eles, está o crescimento da frota enquanto a quantidade de oficinas não cresce na mesma velocidade. Por isso, as oficinas credenciadas estão sempre lotadas e cobram mais caro pelo serviço. O problema com a reposição de peças também é uma reclamação do setor, as indústrias não as fabricam na intensidade que o mercado demanda e, as importadas demoram para chegar no país. “O estímulo era só para comprar carro e as indústrias se focaram na produção de veículos, não na reposição de peças originais. A gente acredita que com o desaquecimento da indústria automobilística, o setor de peças volte a crescer de forma que a gente consiga cumprir os prazos estipulados pela Susep”, afirma Carlos Cavalcante.
No intuito de diminuir as reclamações em todo o país e amenizar o conflito entre cliente e fornecedor, desde abril de 2013, a Susep obrigou todas as seguradoras a ter ouvidoria. De acordo com a norma, as empresas terão até 15 dias para dar uma resposta à consulta do consumidor. Para isso, o ouvidor terá uma atuação independente. Em conflitos de até R$ 100 mil, o ouvidor poderá arbitrar sem consultar a direção da empresa. Além disso, a Susep, periodicamente, requisitará relatórios e informações da ouvidoria sobre os problemas e o nível de atendimento.
Para saber mais:
Segundo o Sindicato das Seguradoras é difícil calcular um reajuste médio por causa das peculiaridades da contratação, que leva em consideração o modelo do veículo, o local de maior permanência e as características do condutor.
O que diz a lei:
Obrigatoriedade de ouvidorias
A Resolução nº 279/2013 do Conselho Nacional de Seguros Privados determina que as seguradoras instituam ouvidoria, cuja principal função é a de atuar na defesa dos diretos dos consumidores. A estrutura da ouvidoria deve ser compatível com a natureza e a complexidade dos produtos, serviços, atividades, processos e sistemas. As entidades que fazem parte de conglomerado financeiro ( como seguradoras ligadas a bancos) podem instituir ouvidoria única que poderá atuar em nome dos integrantes do conglomerado.
Fique atento na hora de contratar um serviço de seguro de automóvel:
1. Antes de contratar uma corretora e uma seguradora, faça uma pesquisa sobre a idoneidade das empresas envolvidas. Para isso, você poderá consultar os sites da autarquia da Superintendência de Seguros Privados (Susep), www.susep.gov.br, e dos sindicatos das seguradoras e das corretoras. No DF, os endereços eletrônicos são: www.sincordf.org.br e www.sindsegmd.com.br.
2. Fique atento à cobertura contratada. Observe o valor de reparação para terceiros, a franquia, se cobre desastres naturais.
3. Dê informações corretas. Isso vai impedir que, no futuro, o seguro se negue a fornecer o serviço. Por exemplo, você diz que seu carro passa a noite em uma garagem, mas, na verdade, ele fica estacionado na rua. Caso ele seja roubado, a seguradora pode não pagar um novo carro porque a informação no ato da contratação foi errada.
4. A apólice demora, em média, de 10 a 15 dias para chegar. Ao contratar o seguro, o consumidor assina apenas a proposta. Ela é válida como instrumento jurídico.
5. Fique com uma cópia da proposta assinada pela empresa e por você e certifique-se se o seguro vale a partir da apólice ou com a proposta.
Numerária
DF:
11,79%
da frota está segurada
R$ 1.314
preço médio do valor do seguro
48.198
Frequência que as seguradoras foram acionadas
R$ 177,29 milhões
Valor pago em indenização pelas seguradoras
Brasil:
8,8%
da frota está segurada
R$ 1.371
preço médio do valor do seguro
2.148.200
Frequência que as seguradoras foram acionadas
R$ 7,10 bilhões
Valor pago em indenização pelas seguradoras
* Fonte: Susep
Números referem-se ao período de 1 de janeiro a 31 de junho de 2014
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