No começo do ano, a pedido de leitores que queriam saber o que eu pensava sobre a separação de Ana Hickmann, publiquei dois textos usando uma entrevista dada pela modelo ao Domingo Espetacular, para trazer algumas reflexões sobre violência doméstica. E antes que me atirem pedras, reforço o esclarecimento de que não estou nem afirmando nem tentando esclarecer se o narrado pela entrevistada é ou não verdade. Isso é assunto para a Justiça.
No primeiro – ANA HICKMANN E O IMPACTO DA ANCESTRALIDADE, falei sobre a importância de conhecermos a história dos nossos antepassados, para aprendermos com ela e nos conhecermos melhor. No segundo – ANA HICKMANN, ROBERTO CARLOS E A FOLHA CAÍDA NA CORRENTEZA, abordei os riscos que corremos quando nos jogamos de cabeça numa relação com alguém a respeito de quem pouco ou nada sabemos de fato, movidos pela paixão, pela necessidade premente de encontrar o amor da nossa vida.
Hoje, vamos conversar sobre o que acontece com uma mulher que, mesmo estarrecida com a transformação do parceiro, leva adiante, muitas vezes por décadas, um relacionamento que só piora apesar de todos os esforços feitos por ela para que tudo volte a ser a maravilha do começo. E, embora eu me refira a mulheres heterossexuais, o que eu aqui disser vale para qualquer gênero e também para relações homoafetivas.
O que faz com que tantas mulheres teimem em se manter em um relacionamento que todo mundo e a torcida do Flamengo sabem que, além de não ter salvação, pode lhes custar a vida? Como falei no primeiro texto da “Série Ana Hickmann”, pode ser que ela ainda não tenha compreendido o peso da ancestralidade e dos círculos viciosos. Ver avós, mãe, tias vivendo e se mantendo com fervor em relações tóxicas, apesar de tudo, pode fazer com que uma garotinha cresça sem ideia ou com uma ideia distorcida do que é uma vida a dois saudável.
Ou pode ser que ela acredite que “O que Deus uniu, ninguém separe” ou que “O divórcio desagrada a Deus e, por isso, Ele não criou uma outra mulher nem um outro homem para Adão e Eva”. Isso sem falar nas que veem a relação como o resgate de um carma que precisam suportar com coragem e fé, até que Deus as livre daquela odiosa criatura, para que elas possam finalmente ser felizes. E nem é preciso que se diga que, se não todas, a maioria sonha, de olhos fechados e abertos, com o passamento do encosto. Não tenho nada contra religião nenhuma, mas é nessas horas que penso: De onde as pessoas tiram essas interpretações nada evangélicas? Jesus, me chicoteia!
Não creio que ainda existam, como no século passado, mulheres que tenham receio de virem a ser discriminadas por serem divorciadas. Mas sei que há muitas que têm medo de serem vistas como fracassadas por não terem sabido escolher o parceiro ou por não terem sido capazes de manter o casamento, o que acreditam ser responsabilidade das esposas. Isso, sim, coisa do século, aliás, do milênio passado!
Também pode ser que elas tenham medo de, com a separação, passarem por privações ou perderem os luxos a que estão acostumadas. E assim, terminam perdendo a vida por feminicídio ou por doenças graves que resultam da infelicidade que carregam e impõem aos seus filhos, o que, na minha singela opinião, é um preço alto demais a se pagar.
Há as que acreditam que nunca mais encontrarão alguém que venha a se interessar por elas. Eu já ouvi isso de uma paciente de 14 anos. Uma menina linda, fofa, inteligente, da chamada classe alta, dessas que frequentam as lojas mais caras dos shoppings mais elitistas, que estão sempre super arrumadas, com o cabelo impecável, cheias de jovialidade e estilo, que, de tanto ouvir isso e coisas piores de um aspirante a sociopata de apenas 19 anos, terminou acreditando que ela era um lixo e que, se ele a deixasse, estaria acabada. Jesus, me chicoteia de novo!
Todas essas crenças limitantes funcionam como anzóis. É como se a mulher fosse um peixe fisgado, mas mantido dentro d’água, que se agita, mas não consegue se soltar e segue se debatendo até que ela entenda que não pode se safar sozinha, procure e encontre a ajuda de que tanto carece, ou até que ela receba um golpe fatal de quem só esperava amor. Como aconteceu com as quase 1.500 mulheres assassinadas por seus companheiros ou ex-companheiros no Brasil em 2023, uma a cada 6 horas. Isso pra falar apenas das mortes de que a polícia teve conhecimento. Muitas simplesmente desapareceram e delas nunca mais se ouviu falar. Essas nem viraram estatística, foram mortas, mas a coisa ficou como se tivessem simplesmente fugido, abandonado o lar.
Mas há dois anzóis super importantes que mantêm muitas mulheres fisgadas num relacionamento abusivo. Um deles é o medo de submeter os filhos a uma vida longe do pai, sem um modelo masculino, e prejudicá-los. O outro é o de não conseguir encontrar uma explicação plausível para aquele príncipe dos sonhos ter se transformado num pesadelo. Porque há coisas que parece que nem Freud explica, que a gente vai morrer sem entender.
É sobre esses dois anzóis que vou falar nos próximos textos desta série. Assim, se você viveu, está vivendo ou conhece alguém numa situação assim, mande uma mensagem por WhatsApp para (61) 99188.9002 ou para consultoriosentimentaldamaraci@gmail.com, contando a história. O seu nome não será divulgado, mas seu depoimento poderá ajudar muita gente.
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