Cosette Castro

Brasília – Ontem foi um dia de muita  emoção no país. Pessoas de todas as idades foram às ruas para defender a vida e a segurança das mulheres. Com ou sem chuva. Não é para menos. Os números são estarrecedores como é possível acompanhar nas pesquisas e nos meios de comunicação.

Na mesma semana em que o Ato Nacional Levante Mulheres Vivas estava sendo organizado, em Brasília a 26a. mulher foi vítima de feminicídio.

Aos 25 anos Maria de Lourdes Freire Matos foi assassinada. Isso ocorreu apenas cinco meses após ingressar no Exército. Ela era Cabo e musicista e tinha toda vida pela frente.

Maria de Lourdes sofreu feminicídio dentro do quartel na Capital Federal. Antes de colocar fogo nas instalações do Exército, o soldado Kelvin Barros da Silva, que não aceitava ser mandado por uma mulher, esfaqueou a vítima. Maria de Lourdes morreu carbonizada.

Este é um bom momento das Forças Armadas, a começar pelo Exército, mostrarem publicamente o seu repúdio à violência de gênero. E de se unirem a convocação do Presidente Lula, lançada na semana passada, em defesa da vida e da segurança das mulheres brasileiras.

As Forças Armadas podem dar um outro passo urgente e essencial: realizar cursos de formação em todo país pelo fim da desigualdade de gênero e pelo respeito às mulheres dentro e fora de cada corporação.

Como em instituições hierarquizadas o exemplo deve vir de cima, os oficiais podem começar 1.coibindo frases, memes, piadas e comentários machistas, 2. proibindo “brincadeiras” ou músicas que colocam as mulheres como seres inferiores, 3. estimulando comportamentos que incentivem a igualdade de gênero, como cursos de formação.

Essa violência toda, assustadora e cada vez mais perversa, não caiu do céu. Recente estudo da revista Número e Gênero (2025) sobre a Machosfera revela que não se trata de um lugar isolado na internet.

A machosfera naturaliza discursos de ódio contra as mulheres e contra a população LGBTQIA+. Ou seja, contra tudo que não são os homens.

Como mostra o Radar Antigênero da ONG,Número e Gênero, em 2025 foram identificados no Brasil 5.332 vídeos contra as mulheres publicados na internet entre os anos 2018 e 2025. (Saiba mais aqui).

Esses vídeos alimentam narrativas contra mulheres de todas as idades, inclusive meninas e adolescentes com acesso à internet. Cada vez mais elas vêm sendo perseguidas, importunadas, assediadas e ameaçadas também no ambiente virtual.

Esse ressentimento de homens e meninos no mundo virtual se manifesta na forma de violências no mundo real, seja nas escolas no caso de meninos e adolescentes, sejam nos ambientes de trabalho, como no caso das funcionárias do Cefet/RJ ou do Exército/DF. Violências que, no mundo presencial, deixam marca nos corpos, impingindo medo não só às mulheres, mas também em seus filhos e em toda família.

Pensando nisso a coordenação do Coletivo Filhas da Mãe lançou a Campanha de vídeo “Homens que Apóiam e Defendem as Mulheres” convidando homens de todas as idades e de diferentes lugares a enviar vídeos  gravados na vertical com até um (01) minuto.

Nos vídeos, que estão sendo disponibilizados no Instagram (@blocofilhasdamãe) em grupos de Whatsapp e no Facebook  (coletivo filhasda mãe) do Coletivo, os homens contam os seus motivos para defender as mulheres e também convidam outros homens a participar da campanha.