Cosette Castro
Brasília – Neste fim de semana de calor e seca, mais um grande nome da música brasileira partiu. Hermeto Pascoal, 89 anos, era considerado um gênio.
Ele foi multi-instumentista, compositor e uma referência para gerações de artistas dentro e fora do Brasil.
A música, aliás, é a última memória que as pessoas com demência perdem. As demências são síndromes neurodegenerativas progressivas e sem cura que afetam cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.
No Brasil, as estimativas do Relatório Nacional de Demências (ReNaDe, 2024) apontam que mais de 2 milhões de pessoas têm demência no Brasil. E que cerca de 80% ainda aguardam diagnóstico.
A mais conhecida das demências é o Alzheimer. As mulheres, com cerca de 75% dos casos, são as mais afetadas. Essas síndromes não atingem apenas o paciente. Elas atingem toda a família, em especial as mulheres cuidadoras, que representam 95% do universo do cuidado sem remuneração, que sofrem diariamente sobrecarga física e emocional.
No mês do Setembro Roxo, mês mundial de conscientização sobre as demências, o que se observa é a falta de informação e o estigma que cercam as pessoas que convivem com a síndrome.
Isso também ocorre com os mais de 100 tipos de demência existentes, menos conhecidos ainda, como a Demência Vascular, a Demência Frontotemporal e a Demência por Corpos de Lewy que estão entre os cinco tipos mais comuns.
Em suas caminhadas semanais nos domingos pela manhã nos parques do Distrito Federal, o Coletivo Filhas da Mãe distribui folhetos informativos sobre fatores modificáveis para prevenir as demências e também informa sobre a diferença entre envelhecimento natural e sintomas de demências.
Apesar do mito de que essas doenças neurodegenerativas ocorrem entre pessoas com 60 anos ou mais, é importante lembrar que 6% dos casos (ReNaDe, 2024) atingem jovens adultos a partir dos 38,40 anos. São as chamadas demências precoces.
Por falta de conhecimento dos profissionais da saúde, esses casos ainda recebem diagnósticos ligados a transtorno mental, demorando anos até receber o diagnóstico de demência. Isso causa sofrimento para o paciente e para familiares. Por isso, é urgente a formação profissional para o envelhecimento saudável e também para as demências.
No mês do Setembro Roxo o Coletivo Filhas da Mãe têm atividades especiais. Na terça-feira, dia 16, a médica e pesquisadora Cleusa Ferri, coordenadora do Relatório Nacional sobre Demências, estará conversando com a jornalista Mônica Carvalho, no Programa de Entrevistas online Terceiras Intenções, ao vivo, das 19 às 20h. (Link Aqui)
No dia 19, sexta-feira, haverá Audiência Pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), às 9h, para debater “o Envelhecimento, as Demências e a Promoção da Saúde no Distrito Federal”. Apesar de ter sido aprovada por unanimidade em 2021 e sancionada pelo Governador Ibaneis, até hoje a Lei Distrital 6926 que dispõe sobre a política para tratamento de pessoas com Alzheimer e outras demências e para promoção da saúde de quem cuida, não foi implementada.
E no domingo, 21, dia mundial de conscientização sobre o Alzheimer e outras demências, acontece na Capital Federal a 4a. Caminhada da Memória, a partir das 9h no Eixão Norte, saindo da quadra 204/205 até a quadra 208, (após o Choro no Eixo). Na quadra 208 Norte mais de 20 entidades parceiras participam das Atividades Pós-Caminhada de informação e promoção da saúde até às 12h.
Todas as atividades são abertas e gratuitas para a população.


