Cosette Castro
Brasília – Estamos entrando em setembro, um mês especial no que diz respeito às campanhas públicas de saúde. Cinco campanhas ocorrem neste mês, entre elas o Setembro Amarelo e o Setembro Roxo.
No Brasil, o Setembro Amarelo começa no primeiro dia do mês. Setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Em 2025 a campanha tem como lema: “ Se Precisar, Peça Ajuda!”
Os números sobre a saúde mental da população seguem preocupantes, já que o Brasil vive uma crise de saúde mental com impacto direto na vida de trabalhadoras e trabalhadores e das empresas. Mas não apenas de quem trabalha no mercado formal. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2024), apontam o Brasil como o país com maior prevalência de transtornos de ansiedade (9,3% da população) e um dos que mais registram casos de depressão.
O estresse, a pressão por resultados, jornadas excessivas, a falta de reconhecimento e questões financeiras são fatores que contribuem para o esgotamento mental. O esgotamento é um problema que pode levar ao desenvolvimento de transtornos mentais, incluindo depressão, ansiedade e, em casos extremos, ao suicídio.
Os dados do Ministério da Previdência Social sobre afastamentos do trabalho apontam a gravidade da crise.
Em 2024, foram quase meio milhão de afastamentos, o que revela a sobrecarga física e mental da população em um país onde pelo menos 75% dos trabalhadores têm uma carga semanal de 40 horas de atuação ou mais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD, 2022). Além disso, quase um terço das pessoas (32,6%) trabalha mais do que 44 horas semanais.
Isso sem contar o trabalho de cuidado doméstico e de cuidados familiares não remunerado feito majoritariamente por mulheres. Ele ainda não entra nos cálculos oficiais como horas de trabalho realizado, ainda que gratuitamente.
Se entrasse, seria possível notar que o cuidado sem remuneração, aliado a sobrecarga de atividades, à desigualdade social, a redução dos direitos sociais, o trabalho informal, as horas passadas dentro de ônibus e metrôs para ir e voltar do trabalho, a violência doméstica e os orçamentos que não chegam ao final do mês pioram significativamente a saúde mental da população. Em especial a das mulheres.
Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas IBRE (2024) baseada em dados do IBGE (2022) mostrou que o percentual de mulheres chefes de família superou o de homens, alcançando 51,7%, ou seja 41,3 milhões de pessoas. A maior parte das mulheres é negra (53%) e com baixa escolaridade. O rendimento médio delas é 32% menor do que os homens.
Já em lares de mulheres com filhos e sem cônjuge, as mães solo, a diferença salarial é ainda maior: chega a 41% em relação a homens nas mesmas condições. São muitos os desafios diários para manter a saúde mental.
Por outro lado, a Política Nacional de Cuidados aprovada em dezembro de 2024 reconhece o cuidado como trabalho e reconhece também a corresponsabilidade dos homens, da sociedade, das empresas e do Estado no cuidado. Quando todos assumirem a corresponsabilidade no cuidado, será possível reduzir a sobrecarga das mulheres cuidadoras.
Embora um passo importante tenha sido dado, junto como decreto do Plano Nacional de Cuidado em 2025, ainda vai demorar para a realidade das mulheres brasileiras ser modificada. As mudanças precisam ser divulgadas para a população. São necessárias campanhas nacionais para gerar mudança de comportamento nas famílias, nas empresas e em todos os âmbitos do governo.
O mês de setembro também é roxo
É o mês mundial de conscientização sobre as demências, doenças neurodegenetarivas, onde o Alzheimer é a mais conhecida. No Brasil, quase 60% dos casos poderiam ser evitados ou adiados com o controle de fatores de risco conhecidos, de acordo com estudo realizado por pesquisadoras brasileiras e publicado em 2025.
Entre os fatores de risco que mais aparecem no Brasil estão a baixa escolaridade, a depressão na meia idade e a perda da visão não tratada. Por isso, é urgente a atenção à saúde mental, a melhora nos níveis educacionais e o cuidado com a visão.
Segundo a médica Claudia Suemoto, responsável pela execução da pesquisa, no que diz respeito à depressão, há duas possibilidades. Uma delas é que, quando não tratada, a doença leva ao isolamento social e reduz oportunidades de estimulação cognitiva. É provável ainda que haja um mecanismo biológico direto que, ao longo do tempo, possa contribuir para o desenvolvimento de demência.
Em 2025 o tema da campanha é “Pergunte sobre Alzheimer: demência sem tabu”.
Durante o mês de setembro o Coletivo Filhas da Mãe estará realizando atividades informativas sobre as demências. A primeira delas será a caminhada e distribuição de folhetos no Parque Olhos D´Água, em Brasília no primeiro domingo do mês, dia 07/09.
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