Cosette Castro
Brasília – Nem sempre é fácil escrever sobre a violência contra as mulheres. Trata-se de uma violência estrutural. Diária. Cotidiana.
Mesmo depois de viver um domingo alegre, ocupando o Eixão do Lazer em defesa da arte e da cultura ao ar livre no Distrito Federal. E de estarmos nos preparando para voltar a ocupar o Eixão Norte no próximo domingo, 15/09, das 8h às 12h.
Vivemos em uma sociedade que legitima, banaliza e silencia frente à violência contra as mulheres. Isso ocorre onde há relações de poder e se reflete também em órgãos de governo.
A violência está tão entranhada em todos os setores sociais que, às vezes, nem as mulheres notam que são vítimas de violência.
É mais difícil ainda se dar conta quando a violência parte de alguém que deveria proteger, acolher e ser solidário. Quando a violência parte de alguém em quem confiamos. E mais ainda: admiramos. É como se uma parte do nosso mundo caísse por terra…
Não é preciso repetir o que a mídia on line e impressa está publicando sobre a denúncia de assedio sexual relacionado ao ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que explodiu na semana passada. Nem o que vem aparecendo no Instagram, Facebook ou Tik Tok.
Para quem ainda não está acompanhando o tema, sugiro buscar as notas oficiais e publicações dos movimentos negro, feminista e antirracista sobre o tema.
Particularmente quero registrar o choque com a contínua falta de apoio às mulheres. Mesmo que sejam as vítimas. Mesmo que sejam muitas. Mesmo que repitam: Me too.
No Instagram do Coletivo Filhas da Mãe (@blocofilhasdamae) perguntamos às mulheres se conhecem alguém que sofreu assédio. Ou se já passaram por isso. As mulheres não param de responder.
O Coletivo Filhas da Mãe se posiciona em defesa das vítimas de abusos e assédio sexuais, sejam elas mulheres públicas ou anônimas. É preciso romper o ciclo do medo e do silêncio com apoio e acolhimento.
Nesse sentido, esperamos que:
1.As denúncias sejam investigadas de forma rápida e rigorosa;
2.O governo federal, assim como empresas públicas e privadas, estabeleça/ reafirme protocolos para esse tipo de denúncia;
3.Seja reforçada a qualificação de servidores, gestores e funcionários para o enfrentamento desse tipo de violência;
4.Sejam realizadas campanhas nacionais permanentes sobre assédio e suas conseqüências e
5.A mídia contribua na divulgação dessas violências com o cuidado de não expor e retraumatizar as vítimas.
Sobre a 3ª. Caminhada da Memória
Vale a pena organizar a agenda para participar no próximo domingo, 15 de setembro, da Terceira edição da Caminhada da Memória. Ela será realizada no Eixão do Lazer, na Capital Federal e tem como tema Por Uma Sociedade do Cuidado.
Este ano estaremos no Eixão Norte, com concentração a partir das 8h na quadra 204. O evento é gratuito e aberto para população, independente da idade.
Depois de caminhar até a quadra 208 realizaremos atividades Pós-Caminhada com espaço e tendas de terapias integrativas, como automassagem, yoga e Técnica de Redução do Estresse (TRE), cuidado digital, e a possibilidade de conhecer o trabalho e bordar com as mulheres do Coletivo Borda Lutas. As atividades são voltadas para o autocuidado e o cuidado coletivo terminando às 12h.
Já está confirmada a presença do Zé Gotinha com carro de vacinação, medição de sinais vitais e distribuição de informação sobre envelhecimento saudável e ativo e sobre fatores de prevenção de demências, entre elas o Alzheimer.
Sugerimos às pessoas participantes o uso de roupas leves, boné ou chapéu, tênis e protetor solar. Lembre de levar sua garrafa de água. A CAESB estará apoiando a 3ª. Caminhada da Memória com copos de água.
Em Tempo: Damos as boas vindas a nova Ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, deputada estadual Macaé Evaristo (PT/MG).