Cosette Castro
Brasília – Os 64 anos de Brasília estão sendo comemorados com pompa, diversidade de locais e diversão. Há atividades gratuitas para todos os gostos. (Veja programação gratuita)
É uma delícia percorrer a cidade e ver as pessoas na rua. Cidadãos e cidadãs que nasceram na Capital. Outros que vieram trabalhar e fixaram residência. Representantes de embaixadas. E turistas. Tudo junto e misturado.
No entanto, faltam bancos públicos para sentar, apreciar a paisagem e as pessoas. Mesmo no planejadíssimo Plano Piloto. As poucas iniciativas de bancos públicos estão em algumas quadras residenciais.
Durante o final de semana, houve música para todos os gostos e idades. De espetáculos para grandes públicos, como o do DJ goiano Alok, passando por shows de jazz à apresentações da Orquestra Sinfônica de Brasília e até da Orquestra Sanfônica, só de sanfonas, entre outras.
Difícil é conseguir assistir tudo. A maratona musical de abril é um bom exercício para quem pode caminhar. Esses espetáculos em geral são pensados para pessoas sem nenhum problema físico ou mental, que não sofre com música em alto volume.
É verdade que todos os espetáculos são lindos. Mas são pensados para pessoas “normais”, que não enfrentam dificuldades cotidianas. Mas vá levar um cadeirante… Uma pessoa com algum nível de deficiência física ou mental. Aí começam as complicações.
Aliás, a Capital Federal não foi pensada para transeuntes. Basta ficar esperando em uma sinaleira para cruzar a rua. A espera é, em média, 5 minutos. A preferência é sempre dos carros. Quem anda a pé pode esperar. E esperar… A exceção são as faixas de pedestres, orgulho de Brasília.
Quem caminha pelo Plano PIloto sabe que, na cidade patrimônio da humanidade, quase não há calçadas sem buracos. A maioria das calçadas sequer obedece ao tamanho padrão para caber duas pessoas com sobrepeso. Para o uso de cadeiras de rodas então…
Outro ponto de fragilidade para pedestres são as passagens subterrâneas. Muitas mulheres têm medo pela insegurança que representam. Não há policiamento pensado para essas áreas em nenhum momento do dia.
Brasília, a cidade que deveria ser modelo de boas práticas para o país, tampouco oferece banheiros públicos. Eles só estão disponíveis em grandes eventos. No entanto, não são pensados para pessoas com deficiencia nem com níveis de dependencia, o que, muitas vezes, exige espaço para duas pessoas em um mesmo banheiro químico.
Quanto às filas dos banheiros das mulheres, seguem enormes em Brasília e em todo o país, porque quem organiza eventos de forma pública ou privada, não leva em consideração a diferença de corpos e necessidades.
Em tempos de festas e comemorações, fica aqui a mesma pergunta feita neste Blog em 2023:
“Quais as atividades pensadas para pessoas idosas, algumas com mobilidade restrita, e para pessoas com deficiência, independente da idade?”
Como uma cidade em processo de envelhecimento, a Capital Federal deveria servir de modelo ao país. Principalmente em respeito à Década do Envelhecimento Saudável e Ativo promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no período compreendido entre 2020-2031.
Somos o terceiro país em envelhecimento mais rápido do mundo, ao lado de China e Taiwan, segundo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2023. Está mais do que na hora de termos projetos estratégicos para o setor levando em consideração os diferentes tipos de envelhecimento.
Iniciativas dos Movimentos Sociais
Enquanto o governo distrital não apresenta orçamento nem projetos pensando a inclusão de pessoas idosas e de pessoas com deficiências, os movimentos sociais vão ofertando atividades paralelas às comemorações que estimulam o encontro comunitário e valorizam a história da cidade.
No sábado, 20, a Prefeitura da Quadra 407 Norte ofertou à população mostra de curtametragens sobre a história de Brasília desde o ponto de vista da Arquitetura. Os trabalhos foram realizados por alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) em parceria com a Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB. Após a mostra realizada no gramado da quadra, houve debate com participação de professores e arquitetos de Brasília.
E no domingo, 21, o Coletivo Filhas da Mãe, em parceria com o grupo de caminhadas Bora Trilhar DF, fez um misto de trilha e momento histórico. O encontro começou no Museu do Catetinho, passando pela Mesa JK e banho no córrego Ipê Coqueiro. Os participantes puderam escolher o trajeto de acordo com suas possibilidades de deslocamento. O projeto Caminhantes é um espaço semanal gratuito que ocorre todos os domingos.
PS: Nesta terca-feira, 23, é dia do Programa TERCEIRAS INTENÇÕES com apresentação da jornalista Monica Carvalho. A convidada é a Defensora Pública Amanda Ribeiro Fernandes, das 19 às 20h, no canal do Youtube Filhas da Mãe Coletivo.