AnaCastro & Cosette Castro
Brasília – No mês da pessoa idosa e em que o Estatuto da Pessoa Idosa completa 20 anos, temos muito trabalho pela frente.
Ainda mais em um país, como o Brasil, em acelerado processo de envelhecimento. Estamos entre os três países que envelhecem mais rapidamente do mundo, ao lado de China e Taiwan.
Como se fosse pouco, temos 1.227 cidades no país cujo número de pessoas idosas já ultrapassou o número de crianças e adolescentes. Entre elas estão Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS). Aliás, as regiões Sudeste e Sul concentram a maior parcela de população 60+ do país.
Temos muitos desafios pela frente para construir um país com políticas públicas voltadas para o envelhecimento saudável e ativo.
No Brasil, 55% das pessoas idosas são mulheres, mais de 70% das pessoas 60+ usam o SUS e a maioria segue contribuindo para a renda familiar, sustentando filhos e netos (IBGE, 2023).
O empobrecimento das pessoas idosas no Brasil é alarmante. Até 2020, 69% das pessoas 60+ (sobre)viviam com uma renda mensal de até dois salários mínimos. Depois da pandemia a situação piorou.
Temos um longo caminho para deixar de ser apenas ser um país voltado para a doença e para a medicalização dos corpos.
É urgente garantir prevenção de saúde integral desde a infância como um direito humano e dever do Estado. Queremos viver em um país onde esta e as próximas gerações tenham direito a um envelhecimento com dignidade.
Temos um longo caminho pela frente para deixar de ser um país preconceituoso, que idolatra a juventude, tentando congelar o tempo. Um Brasil que desdenha sua população idosa, negando histórias de vida e experiências profissionais. Um país que relega à invisibilidade e ao empobrecimento seus 60+.
Seminários como o que ocorreu na semana passada na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que reuniu gestores da área da saúdeve do envelhecimento, representantes de Conselhos nacionais, pesquisadores e movimentos sociais renovam nossa esperança. Seminários que discutem conjutamente políticas nacionais de cuidado e envelhecimento, também.
Paralelo às mudanças necessárias, precisamos da implementação do Estatuto da Pessoa Idosa que, mesmo depois de 20 anos, ainda não foi totalmente colocado em prática. E precisamos atualizar o Estatuto, dada a nova realidade do envelhecimento populacional no Brasil.
Esta semana estamos em festa
Comemoramos com alegria a entrega do Prêmio Zilda Arns 2023 de Direitos Humanos ao professor Vicente Faleiros. A cerimônia vai acontecer no Salão Nobre da Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira (25), às 14h30 horas.
Aos 82 anos, o professor emérito da UnB é uma referência para diferentes gerações na pesquisa e luta diária em defesa dos direitos das pessoas idosas. E também para nós, do Coletivo Filhas da Mãe.
O envelhecimento saudável ativo não é apenas uma questão individual. É uma questão de coletiva que, finalmente, está entrando na agenda política.
Esperamos que entre também na agenda econômica, com garantia de orçamento e implementação de políticas públicas em todo o país para os próximos anos.