Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Existem muitas formas de cuidar e cultivar o bem-estar das outras pessoas. Nós praticamos o cuidado coletivo através das ações e projetos que realizamos como rede de apoio. Além do cuidado coletivo, incentivamos o autocuidado. Para cuidar (bem) de um familiar é preciso primeiro olhar e escutar a si mesma. Nem sempre é fácil.
Sem esse olhar e escuta, é mais difícil perceber nossos medos, dores, raivas, frustrações e fragilidades. Fica mais difícil olhar no espelho, sejam os espelhos reais espalhados pela casa, seja o espelho interno onde, vira e mexe, colocamos um pano em cima para não enxergar.
Com isso, cresce a possibilidade de aumentarem os pensamentos repetitivos, as noites sem dormir com (pré)ocupação, a taquicardia, os medos nem sempre justificados, a irritabilidade, as dores no estômago depois de comer, as dores de cabeça, os suores, calafrios, as crises hipertensivas e a agitação. Pode aumentar também a falta de apetite ou as compulsões (por comida, doces, jogos, séries na Netflix). Estes são alguns sintomas e sinais que o corpo dá, como um SOS. “Preste atenção em si mesma”.
Com a falta de espaço na agenda para praticar o autocuidado, fica mais difícil se dar conta da própria irritabilidade. Aqueles momentos em que passamos a jogar em cima dos outros essa mescla de sentimentos e emoções. Quase como se os outros fossem culpados pelos desafios que estamos passando.
Pensando no adoecimento físico e emocional das cuidadoras familiares, incentivamos o cuidado coletivo e o autocuidado como um mantra. Nos tempos de cuidado familiar, nós, Ana e Cosette, pouco olhamos para nós mesmas. Tampouco paramos para escutar os sinais e avisos de nossos corpos. Daí para o adoecimento físico e emocional foi questão de tempo, assim como para as consequências que perduram até hoje.
Por isso, aproveitamos o dia internacional do autocuidado, dia 24 de julho, para convidar participantes do Coletivo a enviar fotos e vídeos contando como praticam autocuidado. 20 participantes do Coletivo enviaram depoimentos, o que aponta para o baixo espaço de autocuidado. Outras reconheceram no grupo de WhatsApp e em mensagens no Instagram que não estão conseguindo conciliar o tempo de cuidar dos outros e do cuidado de si.
O estímulo ao autocuidado é essencial para evitar que as cuidadoras familiares também adoeçam. E também para evitar que se mutipliquem os tempos de doença, dor, medo, empobrecimento e endividamento para outras gerações da mesma família, em um ciclo de cuidado (e adoecimento) sem fim.
12 Fatores Modificáveis para Evitar as Demências
Segundo a Associação Internacional de Alzheimer, 40% dos casos poderiam ser evitados se as pessoas praticassem autocuidado, incluindo na rotina a prevenção de saúde e a realização de exames anuais. Existem 12 fatores que poderiam reduzir o risco das demências. São eles:
1. O sedentarismo é um dos fatores de risco mais importantes. Praticar exercícios regularmente faz bem para o coração, circulação, peso e bem-estar mental.
2. O fumo é outro fator evitável. Fumar, além de aumentar o risco de demência, eleva o risco de outras doenças, como diabetes, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão.
3. Álcool em excesso é o terceiro fator de risco. A síndrome de Korsakoff e a síndrome de Wernicke-Korsakoff são formas particulares de lesões cerebrais provocadas pelo álcool e que podem estar relacionadas com a Demência Alcoólica, sem contar outros 200 tipos de doenças que pode causar.
4. Obesidade – É um fator de risco para demências. Sugerimos mudança na dieta, adotando o uso de alimentos saudáveis, como frutas, legumes e vegetais, utilizando produtos com baixo teor de gordura, evitando sal e açúcar em excesso, frituras e alimentos processados.
5. Deficiência auditiva – Pessoas com perda auditiva sem tratamento têm um risco maior de demência pelo isolamento que a falta de aparelhos auditivos produz e o aumento progressivo das perdas.
6. Diabetes – O desenvolvimento de diabetes tipo 2 é uma das portas para demências. Sugerimos evitar o consumo de açúcar em excesso e manter em dia o exame de glicemia.
7. Hipertensão – A pressão alta na meia idade aumenta o risco de demências. De acordo com dados do Ministério da Saúde (2022), a hipertensão é a doença de maior prevalência e a de maior causa de mortes. 32% da população têm hipertensão (36 milhões de pessoas), mas apenas 50% sabe que são hipertensos e realizam tratamento.
8. Depressão – A depressão não tratada está associada à incidência de demência. Infelizmente, ainda hoje muitas pessoas, apesar do sofrimento mental, relutam em buscar ajuda terapêutica (com psicanalistas e psicólogos para escuta especializada) e ajuda psiquiátrica (com medicação).
9. Ferimentos na cabeça – As lesões na cabeça podem ser causadas por quedas, acidentes de carro, moto ou bicicleta, atividades esportivas, como boxe e futebol. Sugerimos procurar especialistas e fazer exames o mais rápido possível.
10. Contato social pouco frequente – Diferente do isolamento social, a sociabilidade reduz o risco de demências. Sugerimos conectar com amigos antigos e novos, realizando encontros presenciais e/ou online para reforçar laços afetivos.
11. Baixo nível de escolaridade – Pode afetar a reserva cognitiva e é um dos fatores mais significativos para a demência. Sugerimos exercícios cognitivos para memória, leitura assídua de livros, revistas e jornais, assim como o aprendizado de uma nova língua, independente da idade.
12. Poluição do ar – Viver em locais com poluição do ar aumenta o risco de demências. Nós apoiamos ações em defesa da natureza e de alimentos sem agrotóxicos, assim como projetos que melhorem a qualidade do ar e das águas para garantir a qualidade de vida.
E você, o que está fazendo pela sua saúde?
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