Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – A semana foi marcada por despedidas musicais. Ainda estamos emocionadas, escutando músicas que marcaram nossa trajetória.
Algumas despedidas nos tomaram de susto. Como as de Gal Costa e Rolando Boldrin, que foram fazer arte em outra dimensão, na mesma quarta-feira, dia 9 de novembro. Ela aos 77 anos. Ele aos 86.
Outras despedidas nos tomaram de emoção, como o show que marcou o fim da carreira musical de Milton Nascimento no domingo, 13 de novembro.
Foram 60 anos de atividade musical. Mas como na vida, o espetáculo que durou 2h30 minutos, também acabou.
As cerca de 70 mil pessoas que lotaram o Mineirão vieram de todo o país. E assim como nós, que assistimos pela Globo Play, elas agradeceram e renovaram seu amor pela grandeza e genialidade de Milton Nascimento, o Bituca.
O espetáculo “A Última Sessão de Música” começou homenageando Gal Costa, o que aumentou o nível de emoção da noite.
Havia pessoas de todas as idades. País e mães com filhos. Netos e netas que cresceram escutando os artistas favoritos das avós. Jovens desacompanhadas ou em grupo. Casais. E também as avós e avôs que foram se despedir de Milton Nascimento.
Não era possível escutar a voz com timbre único, mas isso não era o mais importante da noite. Milton estava lá. Homenageou os amigos do Clube da Esquina e outros, como Samuel Rosa, da banda Scank. E homenageou o público.
Nós, público presencial ou virtual, pudemos nos despedir do artista. E ainda poderemos seguir escutando suas músicas, assistir os vídeos. E até rever os 5 prêmios grammy que ele recebeu durante a carreira.
Despedidas em vida, quando não há perda cognitiva ou de memória, ajudam a lidar com as mudanças (ou perdas). Facilitam a dor do afastamento.
É algo bem diferente das despedidas em vida quando um familiar tem demência. Estas são despedidas cotidianas, repetitivas, unilaterais. Só uma pessoa têm memória, guarda as lembranças e tem noção da perda em vida.
Não é fácil, mas muitas pessoas que cuidam fazem isso diariamente. As vezes por até 20 anos, apesar da dor e do peso.
Outro tipo de despedida difícil é aquela que nos pega de surpresa. Dá uma sensação de abandono, misturada com tristeza e raiva quando alguém parte de repente.
Há também a sensação de impotência quando não podemos fazer nada, além de escutar a notícia, tenta entender e acreditar. E seguir em frente, apesar do luto.
Quando uma artista marcante nos deixa, como Gal Costa, também há sensação de abandono. Afinal, suas canções vinham embalando nossas gerações desde a juventude.
Automaticamente lembramos da nossa própria finitude. Tema que costumamos varrer pra debaixo do tapete, fazendo de conta que somos eternas. Até que comece a transbordar. Esse “transbordamento” pode contribuir para pensar nas nossas próprias fragilidades.
Em alguns casos, impulsiona a celebrar a vida diariamente, sem postergar ou deixar pra depois. A vida é impermanência. Pode não haver depois.
PS: Não comentamos sobre Rolando Boldrin, músico, ator e apresentador, cujos programas de televisão contribuíram para revelar e valorizar a diversidade cultural brasileira.
Cosette Castro Brasília - A semana passada foi intensa em todos os sentidos. Hoje destacamos…
Cosette Castro Brasília - Às vezes, quando ficamos sem palavras frente a uma situação ou…
Cosette Castro & Vicente Faleiros Brasília - A disputa pelo dinheiro público do orçamento da…
Cosette Castro Brasília - Em tempos de negação constante da morte, o filme O Quarto…
Cosette Castro Brasília - Este foi um fim de semana especial. Começou o novembro negro…
Cosette Castro Brasília - Seis anos, sete meses e 17 dias. A Justiça é lenta,…