Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Em tempos de raras políticas públicas para pessoas 60+ e muito idadismo (preconceito pela idade), o Coletivo Filhas da Mãe tem estado a frente e também participado de campanhas nacionais e internacionais em defesa das pessoas acima de 60 anos, saudáveis e enfermas.
Desde sua criação em dezembro de 2019, o Coletivo defende o cuidado, o autocuidado para um envelhecimento ativo, além de fornecer informações e estimular o tratamento de pessoas com demência. Também tem estado em todas ações e projetos possíveis para desenvolver políticas públicas de cuidado e prevenção intergeracional.
Essas ações passam por questões de autocuidado, como o estímulo às aulas virtuais do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos (GEPAFI/UnB). E também pelas políticas públicas, como a criação da Lei Distrital 6926/2021 voltada para tratamento de pessoas com demências e Alzheimer e também para a prevenção da saúde de cuidadoras e cuidadores familiares e profissionais.
Em parceria com o Fórum Distrital em Defesa da Pessoa Idosa e a Codeplan, o Coletivo está realizando a 1a. Pesquisa para traçar o Perfil da Pessoa Idosa com Diagnóstico de Demência e daquelas que estão em fase de diagnóstico no DF. A pesquisa também vai conhecer o perfil de cuidadoras e cuidadores familiares e profissionais, suas demandas e rede de serviços existentes.
A pesquisa, cujo desenho metodológico durou nove meses com a participação do Coletivo, se tornou possível pela emenda parlamentar da deputada distrital Arlete Sampaio. Em março desde ano, o estudo entrou na fase de contratação de equipe, envio de convites ao Comitê Científico e cadastramento de participantes (pacientes, cuidadoras e cuidadores) do Distrito Federal (cadastre aqui).
Outra ação importante do Coletivo em parceria com o Fórum em Defesa da Pessoa Idosa, é a campanha realizada anualmente no mês de junho no Distrito Federal para conscientizar a população sobre a violência contra as pessoas idosas. Uma violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial que aumentou consideravelmente durante a pandemia.
Para além das ações culturais que realiza, da atividade diária nas redes sociais digitais e semanalmente no Blog do Correio Braziliense, em 2021 o Coletivo passou a participar ativamente da campanha internacional “Velhice Não é Doença”.
A repercussão internacional da campanha encabeçada pelo médico Alexandre Kalache, culminou com a desistência da Organização Mundial da Saúde (OMS) em aplicar a Classificação Internacional de Doenças – CID 11, que passaria a considerar, a partir de 2022, velhice como doença.
Desde 2022, o Coletivo passou a participar também da campanha nacional “Velhices Cidadãs”, continuação da campanha “Velhice Não É Doença”, lançada oficialmente esta semana. Leva-se em conta que, em um país tão desigual como o Brasil, existem diferentes tipos de envelhecimentos, em diferentes corpos, modos de ser, sentir e expressar a sexualidade que merecem respeito e qualidade de vida.
Mais uma vez salta a vista a falta de políticas públicas para apoiar cuidadoras e familiares com demência, entre elas o Alzheimer. São filhas, filhos, parentes e profissionais cuidadores que envelhecem rapidamente sem proteção do Estado.
Essa invisibilidade e descaso decorre, entre outros fatores, pelo preconceito que cerca o envelhecimento no Brasil, um país que envelhece rapidamente. Decorrem tanto da negação pessoal sobre o próprio processo de envelhecimento quanto do desprezo pelo envelhecimento alheio.
Entretanto, o idadismo, ageismo ou etarismo não se limita ao Brasil. Estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) lançado em 2021, revela que 1 a cada 2 pessoas no mundo tem atitudes discriminatórias que pioram a saúde física e mental de pessoas idosas e reduzem a qualidade de vida dessas pessoas.
Ou seja, precisamos de campanhas contra o preconceito em todas as esferas sociais, de caráter permanente.
Está mais do que na hora de promovermos uma virada cultural e subjetiva que conte com diferentes grupos sociais. Com o engajamento dos artistas , filósofos, cientistas sociais e, em especial, de professores de todas as áreas do saber.
Essa campanha pedagógica precisa mostrar que é falso o binarismo entre pessoas jovens e velhas, precisa apontar a importância para saúde mental das relações intergeracionais, lembrando que envelhecer é apenas mais uma etapa da vida.
Este é o momento de realizar uma campanha suprapartidária, com a presença de todos os partidos nas lives e eventos do projeto “Velhices Cidadãs” e com presença de todas as religiões na campanha, já que envolve o presente e o futuro do país.
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