Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Em tempos de pandemia e agravamento da saúde mental, seguimos na campanha Janeiro Branco.
O acirramento da pandemia pela variante ômicron tem ocasionado mais casos entre a população, embora o medo pareça ter diminuído.
Desta vez, a doença não aparenta ser tão letal, podendo ser confundida com uma gripe. Mas tem se espalhado depressa, contaminado diferentes faixas etárias de uma mesma família e lotado unidades de saúde e hospitais em todo o país.
A vacinação infantil começa a passos lentos em um governo que não se interessa em vacinar e proteger suas crianças, o futuro da nação. Enquanto isso, as notícias de crianças em hospitais e UIT se espalham como rastro de pólvora. E aperta o coração receber a notícia de meninos e meninas internadas em Brasília, Porto Alegre, Maceió e Salvador, só para citar exemplos conhecidos.
Tais notícias, aumentam a carga de estresse, luto individual e coletivo acarretando problemas para a saúde mental.
Pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos para o Fórum Econômico Mundial em 2021 mostrou que 53% dos brasileiros notaram que houve um agravamento de sua saúde mental durante a pandemia. O estudo foi feito entre abril de 2020 e abril de 2021 e seus resultados podem ser aproveitados para o começo de 2022.
Isso não ocorre por acaso. Quando pensamos que poderíamos voltar a sair, passear, viajar e encontrar familiares e amigos no final de 2021, a ômicron chegou mostrando que novas restrições são necessárias.
Além da pandemia, do isolamento social obrigatório, da doença e das mortes, tivemos chuvas e alagamentos no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste e calorões com sensação térmica de até 60 graus no Sul do país.
Como se isso não bastasse, o desemprego aumentou, as ofertas de emprego mostram salários reduzidos, os direitos sociais estão sendo cortados, aumentou o trabalho precário e o custo de vida está mais alto.
Com tudo isso, fica difícil manter os compromissos em dia, principalmente porque supermercados, farmácias, e contas como luz, água, telefone, gás e combustíveis não param de aumentar.
Como não sentir medo, raiva, sensação de impotência, impaciência, irritação, dificuldade para dormir e/ou pensamentos repetitivos?
Em tempos difíceis, buscar ajuda profissional deveria ser uma das primeiras medidas para proteger a saúde mental e manter uma boa convivência consigo mesmo e com os demais.
No entanto, vivemos em uma sociedade onde boa parte das pessoas considera que buscar ajuda às dores emocionais se resume a ir a médicos. E a tomar medicação, como se tudo pudesse se resolver em um passe de mágica. Os remédios podem ajudar, mas nem sempre são necessários.
Outros pensam que procurar ajuda terapêutica ou psicanalítica é “coisa de louco”, estigmatizando as pessoas que buscam compreender seus sentimentos e emoções através da ajuda especializada.
Nada de estranho em uma sociedade aonde não somos educados para as emoções. Ao contrário, somos deseducados. Aprendemos desde cedo a esconder as emoções, como se fossem um pecado, uma imperfeição.
A boa notícia é que há outros caminhos que podem ser percorridos para reduzir e tratar questões emocionais. Um deles é falar sobre o que sente, ainda que não esteja claro para você.
Falar é essencial, mas não basta conversar com amigos ou familiares. Eles podem ser um ombro amigo e demonstrar carinho oferecendo seu tempo e abraço em algumas ocasiões. No entanto, não estão preparados para identificar angústia, ansiedade e outros quadros e transtornos psíquicos.
Tampouco estão capacitados para uma escuta especializada que ajude a identificar as dores, os medos, as culpas e a raiva.
Aprender a falar e a ouvir pode ajudar você a perceber mais o mundo, a olhar com mais atenção para si mesma e para os outros. E, talvez, aos poucos, seja possível reconhecer os sentimentos, evitar as repetições e, quem sabe, se responsabilizar por sentimentos e atitudes, evitando a prática de culpar e responsabilizar os demais.
#JaneiroBranco #cuidadoeautocuidado
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