Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Em dezembro, nós, do Coletivo Filhas da Mãe, estamos em festa. Não é todo dia que comemoramos 2 anos, ainda com a vigência da pandemia de Covid-19.
São 2 anos de existência e resistência. Nesse período nos reinventamos. Saímos do mundo presencial e entramos no mundo on line, dialogando com cuidadoras familiares, com profissionais da saúde, com instituições públicas e parceiros de diferentes lugares do país e do exterior.
O Coletivo Filhas da Mãe surgiu a partir da iniciativa de cinco filhas de mães com demências. Nos conhecemos nas reuniões da ABRAz-DF e nos propomos a apoiar as cuidadoras familiares, que representam 82% do trabalho gratuito de cuidado realizado no país.
Até então as entidades da sociedade civil tinham seus olhares voltados principalmente para os pacientes. Atuavam sobre a doença já estabelecida, ofertando informações para melhorar a qualidade de vida das pessoas enfermas.
O Coletivo oferece dicas de como cuidar e resolver questões do dia-a-dia relacionadas às demências, em especial ao Alzheimer, nas publicações do Blog, no grupo do Whats App, no Facebook, no Instagram e no Twitter. Mas nosso foco é promover o cuidado e o autocuidado das cuidadoras e de familiares. Afinal, quem cuida de quem cuida?
Algumas dessas cuidadoras estão tão concentradas em cuidar da pessoa doente que praticamente esquecem de si, colocando-se em segundo plano. E podem até estranhar quando escrevemos sobre autocuidado.
As demências não adoecem apenas os pacientes. Elas envolvem e podem adoecer toda a família, seja pela sobrecarga física e econômica, como emocional. Durante o período de cuidado, além de questões relacionadas à saúde mental, muitas cuidadoras apresentam problemas cardíacos, acidentes vascular cerebral (AVC), câncer ou doenças autoimunes.
O Coletivo desenvolveu linhas de ação pensando no incentivo à políticas públicas de cuidado voltadas para prevenção de doenças, para promoção da saúde das cuidadoras e demais familiares, .para o tratamento das pessoas enfermas. E para o estímulo ao envelhecimento ativo.
VI Sarau Virtual do Coletivo Filhas da Mãe
Uma dessas linhas de ação é o incentivo ao lúdico e a arte como espaços de promoção da saúde mental das cuidadoras e suas famílias. Por isso, em 2020 criamos os saraus virtuais de música, poesia e afeto, entremeado de informações sobre cuidado, autocuidado e demências.
Alguns dos Participantes do VI Sarau Virtual do Coletivo (dez/2021)
Em 2021, cerca de 85 pessoas foram mobilizadas e amorosamente participaram dos 4 Saraus virtuais que realizamos em fevereiro, maio, setembro e neste sábado, 4 de dezembro, disponíveis no canal do You Tube: Filhas da Mãe Coletivo. Nos bastidores, uma equipe de 10 voluntários se revezaram para divulgar e realizar os 4 saraus virtuais.
Nas quatro edições de 2021, tivemos poetisas, poetas, contadores de histórias, músicos, grupo de percussão (Baque Mulher, de Maracatu), bloco de carnaval (Rivotrio), assim como momentos de autocuidado com dança e automassagem.
Tivemos entrevistas e depoimentos de cuidadoras familiares e de pacientes de Alzheimer. Também estiveram presentes especialistas em envelhecimento, em demências, representantes da Assembleia Legislativa/DF, entidades ligadas ao Alzheimer, entre eles, parceiros como a ABRAz-DF e o Site Cuida de Mim.
No total houve participação de representantes de 7 estados (Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Ceará) e 2 países (Portugal e Espanha). Todos trouxeram sua cota de afeto, alegria e informação em contrapartida aos momentos de tristeza e medo que vivemos durante o ano.
Aos convidados e voluntários dos Saraus Virtuais do Coletivo Filhas da Mãe, nossa gratidão. Exercitamos carinhosamente o verbo esperançar, apostando que, em breve, voltaremos a estar juntas e juntos presencialmente.