Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Na semana em que acontece o X Congresso Brasileiro de Alzheimer, em versão online, Ana Castro marcou a presença do Coletivo Filhas da Mãe com palestra sobre “Filhos Idosos Cuidando de Pais com Demência”.
Trata-se de um tema importante, já que, no Brasil, a população idosa vem crescendo rapidamente.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 pessoas com mais de 60 anos somam 37,7 milhões de brasileiras e brasileiros.
Em âmbito mundial, em 2020, havia 1,1 bilhão de idosos. Isto é, 13,5% da população de todo planeta. E a previsão é de que o número chegue a 3,1 bilhões em 2100. Um acréscimo de 2 bilhões de idosos em menos de 80 anos.
No caso das pessoas +60 que cuidam familiares com Alzheimer, elas tiveram que trocar sua rotina, atividades de lazer e vida social, em um momento da vida em que deveriam estar planejando o descanso, a aposentadoria ou novos projetos. Isso traz um impacto negativo na vida social, financeira e nas relações afetivas dessas pessoas.
Tudo isso, somado as medidas de distanciamento social por causa da pandemia e ao luto coletivo, vem gerando consequências. Insônia, estresse, dores no corpo, principalmente nas costas, dores de cabeça e lesões nas cuidadoras familiares.
As informações acima constam na Pesquisa Cuidadores do Brasil, realizada com 2.047 pessoas., a maioria da Região Sudeste. O estudo foi publicado em 2021 pela Veja Saúde e o Instituto Lado a Lado pela Vida.
Do total de participantes, 59%, tem 50 anos ou mais e 27%, são +60. Ou seja, 6 em cada 10 cuidadoras tem mais de 50 anos.
O que se observa é que, além das mulheres serem maioria absoluta, há gerações de idosas cuidadoras que não estão se cuidando. E sequer tem ideia (na teoria e na prática) do que significa autocuidado, esse momento de espaço para sí, mesmo que seja para não fazer nada, que ajuda a reduzir o sofrimento emocional.
Elas deixam de pagar seus próprios planos de saúde pelos alto custos do cuidado familiar. Não encontram tempo para ir a médicos, fazer exames ou check ups. E, quando encontram tempo para fazer exercícios, já estão exaustas. Tampouco se alimentam de forma saudável, colocando em risco a vida futura.
Pesquisa realizada em Cuité, município da Paraíba, em 2019, mostrou a sobrecarga das cuidadoras. Uma sobrecarga que se amplia quando a cuidadora é idosa. E o mais grave: as características dessas pessoas são similares às dos idosos dependentes.
As cuidadoras familiares idosas sequer se dão conta da sobrecarga que vivenciam.
Não percebem as renúncias que tiveram de fazer no passado. Nem percebem a sobrecarga do presente. E, em geral, não compreendem a relação entre a sobrecarga física e emocional com o sofrimento psíquico, com o desgaste físico, com o agravamento de doenças existentes, com as dores e o cansaço que vivenciam.
A pesquisa apontou ainda o abandono das atividades laborais, a perda da liberdade, a perda do prazer, a falta de informação, a insegurança no cuidar e o desequilíbrio físico e emocional como características frequentes entre as cuidadoras.
A isso, é possível somar a falta de perspectiva futura, o isolamento e a constante frustração por lidar com enfermidades que, embora tenham tratamento, não têm cura.
Não é por acaso que o Coletivo Filhas da Mãe investe e apoia projetos direcionados às políticas públicas de prevenção e tratamento e em ações de cuidado e autocuidado entre cuidadoras familiares. Também desenvolvemos e apoiamos projetos que valorizem a cultura, a arte e o lúdico, como espaços de incentivo à saúde mental.
Apostamos na força dos grupos de apoio espalhados por todo o país. E lembramos às cuidadoras, cuidadores e demais famililares que, mesmo virtualmente, o Coletivo Filhas da Mãe segue presente. #junt@ssomosmaisfortes.
Ps: Neste dia 15/10, nossa gratidão às professoras e professores, uma categoria essencial, mas desvalorizada no Brasil.
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