Ana Castro, Cosette Castro & Convidadas
Brasília – Em meio a crise democrática e a tentativa de golpe que o país viveu nos últimos dias, seguimos na campanha do setembro roxo, mês de conscientização sobre a doença de Alzheimer (DA).
Nesta sexta-feira, abrimos espaço para uma convidada especial, Celia Maria Oliveira, diagnosticada com Alzheimer precoce aos 56 anos, há oito anos. Trata-se de um tipo de Alzheimer raro, que atinge 7% dos pacientes, e se manifesta antes dos 60 anos.
Cellikka, como é conhecida no Instagram e no Facebook, é uma pessoa com humor inabalável e já passou por grandes desafios. Entre eles, cinco experiências com câncer e 22 cirurgias. Além disso, convive com comorbidades como hipertensão, diabetes e glaucoma.
A busca por descobrir o que estava acontecendo com a sua cabeça, foi mais um desafio a ser vencido.
Celia Maria Oliveira – “Eu era secretaria bilíngue e lia dois livros de diferentes línguas ao mesmo tempo, mas comecei a esquecer de atividades corriqueiras, a colocar coisas no lugar errado, a embolar as roupas no guarda-roupa, ao invés de dobrar. Esquecer lugares e pessoas. Até receber um diagnóstico correto, foram três anos.
Os médicos, sem experiência em demências, me consideravam muito jovem para ter Alzheimer. E eu comecei a pensar que estava ficando maluca.
Nesse meio tempo usei remédios para estresse, depressão, memória e nada resolvia. Até que um neurologista fez todos os exames e chegou ao diagnóstico de Alzheimer.
Na minha volta, a família ficou abalada, principalmente meu filho que mora em São Paulo. Ele me levou a vários especialistas, para (re)confirmar o diagnóstico. Da minha parte, senti um alívio. Sim, pode parecer estranho, mas era melhor do que ser internada como louca.
foto cedida por Celia Maria Oliveira
Ainda é difícil para as pessoas aceitarem. Sempre ouço comentários do tipo: você é tão nova, tão bonita, nem parece que tem Alzheimer. Mas eu tenho sim e decidi contar a minha experiência para outras pessoas.
Também considero melhor saber o que está ocorrendo desde o início para ter tempo de planejar e desfrutar o restante da vida.
No mês de setembro, decidi lançar a campanha Alzheimer, quanto antes souber, mais tempo terá pra lembrar e viver… Eu convivo e luto”.
Foi nas redes sociais digitais que Cellikka criou espaços de resistência contando que é paciente de Alzheimer, dando dicas e apoio para outras pessoas. Nesse período, além do Instagram e do Facebook, criou um grupo de WhatsApp chamado Migas Zhimer, onde participam pessoas diagnosticadas com a doença. E dá entrevistas e depoimentos, como este, em todo o país.
Ela lembra que a vida continua e que podemos (e devemos) aproveitar tudo que for possível.
2 thoughts on “Alzheimer, Eu Convivo e Luto”
Parabéns Ana e Cosette pela coluna e os importantes temas discutidos. Vocês ampliam a nossa consciência acerca do Alziheimer e da importância do protagonismo societário no manejo do cuidado e auto-cuidado. Parabéns!
Oi Leides, gratidão pelo comentário. O Blog existe pela contínua participação das pessoas. Abraço,