Muitas Frentes de Atuação

Ana Castro & Cosette Castro

Brasília –  Quando estamos envolvidas no trabalho de cuidar pessoas com demência, parece que as 24 horas do dia não são suficientes.

Quase nem dá tempo de pensar em nós mesmas e muito menos em políticas públicas, um bem comum, pois mal dá tempo para sobreviver.

Levando em consideração essa realidade, o  Coletivo Filhas da Mãe atua em dois níveis.

O primeiro é um nível macro, pensando a sociedade como um todo. Nesse nível as ações  estão voltadas  para a construção de políticas públicas  para  melhorar a qualidade de vida dos enfermos, seus familiares e também das cuidadoras.

Estamos pensando o hoje e também o futuro, com ações de prevenção às demências para as próximas gerações. Nesse grupo entram ações diferenciadas como as campanhas  de apoio à vacina, de conscientização sobre a violência contra idosos e mais recentemente a campanha velhice não é doença.

Isso nos levou a estudar e propor em conjunto com o Forum Distrital em Defesa da Pessoa Idosa/DF e do gabinete da deputada distrital Arlete Sampaio, um Substitutivo ao Projeto de Lei 1265/2020. Foram dois meses de aprendizado, conhecendo os projetos de lei existentes no país e a lei do município de São Paulo, voltada para as pessoas enfermas, até chegar ao formato final e posterior aprovação.

A nova lei, aprovada em segundo turno na Assembleia Legislativa do Distrito Federal no final de junho, depois de ser publicada no Diário Oficial, seguirá para sanção do governador Ibaneis Rocha.  Ou seja, temos uma segunda etapa de pressão até ela se tornar oficialmente  a primeira lei em nível estadual/distrital do país a pensar benefícios para as pessoas com demências, incluindo a prevenção, diagnóstico e tratamento de familiares e  cuidadoras.

Mas o que diz a nova lei que possui 15 artigos?

Entre outros itens,  garante a prevenção,  tratamento e  apoio às pessoas com  Alzheimer e outras demências, aos seus familiares e  cuidadoras  através da articulação de diferentes áreas. Entre elas saúde, assistência social, justiça, direitos humanos, educação,  cultura, esportes, inovação e tecnologia .

Também fomenta  a realização de pesquisas para Diagnóstico da Situação da Pessoa Idosa com demência  e para  o Índice de Qualidade de Vida contribuindo para o aprimoramento da formulação de políticas públicas específicas. As pesquisas anuais ou bianuais podem contribuir para  conhecer o  perfil dos idosos com demências no Distrito Federal, assim como conhecer seu acesso as diferentes áreas e redes públicas de atendimento.

Outro ponto importante é a capacitação  e apoio às equipes de saúde, aos familiares e toda a rede de convivência da pessoa com Alzheimer e outras demências através de atividades de Educação Permanente. E a realização de campanhas públicas esclarecendo sobre demências para diminuir a falta de conhecimento e o preconceito. Quando temos conhecimento e sabemos do que se trata, o cuidado se torna coletivo e não apenas individual.

A nova lei prevê  a elaboração de políticas de subsídio governamental para famílias de baixa renda, responsável por pessoas  com  Alzheimer e outras demências. Além da sobrecarga física e mental, as cuidadoras  enfrentam o endividamento e o empobrecimento familiar. Acreditamos que o Estado também é corresponsável pelo cuidado das famílias.

Há ainda outras questões, como a implementação de centros-dia públicos e gratuitos, com oferta multidisciplinar especializadas no tratamento das demências. O aumento da oferta gratuita  de instituições de longa permanência para idosos (ILPIS). A implementação de  habitações coletivas (repúblicas, condomínios, residências coletivas) para idosos saudáveis garantindo qualidade de vida. E a criação de um centro especializado em pesquisa, prevenção e tratamento de Alzheimer e  demências no Distrito Federal que atenda pacientes, cuidadores e familiares.

O segundo nível de atuação do Coletivo Filhas da Mãe é o da ação cotidiana, onde incentivamos atividades  de cuidado e autocuidado.

Diariamente  respondemos questões práticas sobre o cuidado dos familiares enfermos. Também estimulamos o autocuidado das cuidadoras familiares e informais (amigas e vizinhas) no grupo de Whats App e no Facebook. Estamos nas principais redes sociais digitais, incluindo Instagram, Twitter e Canal no Youtube. Aliás, você já passou nas nossas redes sociais digitais, já curtiu e está seguindo o Coletivo? indicou para amig@s e familiares?

Em breve vamos lançar o Projeto Filhas da Mãe Responde para tratar de temas cotidianos que se repetem cada vez que uma nova cuidadora  assume a responsabilidade sobre um familiar. Aproveitamos  para convidar você a conhecer e participar da implementação dos nossos  projetos, entre eles a organização do V Sarau Virtual de Música, Prosa, Poesia e Afeto.

Junt@s Somos Mais Fortes.